EUA preocupados com ações "perigosas e ilegais" chinesas no mar do Sul da China
11 de out. de 2024, 11:43
— Lusa/AO Online
Durante
uma cimeira anual entre os dez membros da Associação das Nações do
Sudeste Asiático (ASEAN), na capital do Laos, Antony Blinken prometeu
que Washington vai continuar a defender a liberdade de navegação naquela
rota comercial marítima vital.“Estamos
muito preocupados com as atividades cada vez mais perigosas e ilegais da
China no mar do Sul da China, que feriram pessoas, prejudicaram
embarcações de nações da ASEAN e contradizem os compromissos de
resolução pacífica de disputas”, disse Blinken. “Os Estados Unidos vão continuar a apoiar a liberdade de navegação e a liberdade de sobrevoo no Indo-Pacífico”, apontou.Esta
cimeira seguiu-se a uma série de confrontos violentos naquelas águas
entre a China e as Filipinas e o Vietname, membros da ASEAN.Pequim,
que reivindica quase todo o mar do Sul da China, tem reivindicações
sobrepostas com membros da ASEAN, como Vietname, Filipinas, Malásia e
Brunei, bem como com Taiwan. Cerca de um terço do comércio mundial
transita por esta rota marítima, também rica em reservas de pesca, gás e
petróleo.O Governo chinês recusou
reconhecer uma decisão de arbitragem internacional de 2016 de um
tribunal da ONU em Haia, que invalidou as reivindicações chinesas, tendo
construido e militarizado as ilhas que controla.Os
EUA não têm reivindicações no mar do Sul da China, mas enviaram navios
da marinha e jatos de combate para patrulhar as águas, desafiando as
reivindicações chinesas.Este ano, navios
chineses e filipinos entraram em confronto repetidamente e, na semana
passada, o Vietname afirmou que forças chinesas atacaram os seus
pescadores no mar em disputa. A China também enviou navios de patrulha
para áreas que a Indonésia e a Malásia reivindicam como zonas económicas
exclusivas.Os EUA têm avisado
repetidamente que são obrigados a defender as Filipinas - o mais antigo
aliado na Ásia - se as forças, navios ou aviões filipinos forem alvo de
ataques armados.O Presidente das
Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., queixou-se aos líderes da cimeira que o
país “continua a ser alvo de assédio e intimidação” por parte da
China. Lamentou que a situação permaneça tensa e inalterada devido às ações da China, que, afirmou, violam o direito internacional.No
início desta semana, o líder de Singapura, Lawrence Wong, alertou para
os “riscos reais de um acidente que se transforme em conflito” se a
disputa marítima não for abordada.A
Malásia, que vai assumir a presidência rotativa da ASEAN no próximo ano,
deverá acelerar as conversações sobre um código de conduta para as
águas disputadas. As autoridades
concordaram em tentar completar o código até 2026, mas as conversações
têm sido dificultadas por questões delicadas, incluindo desacordos sobre
se o pacto deve ser vinculativo.Durante a
cimeira, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, designou o mar do Sul da
China como uma “casa partilhada”, mas repetiu a afirmação de que Pequim
está apenas a proteger os seus direitos soberanos. Li
culpou a intromissão de “forças externas” que procuram “introduzir o
confronto entre blocos e conflitos geopolíticos na Ásia”, numa
referência velada a Washington.Blinken
disse também que os EUA acreditam ser “importante manter o compromisso
comum de proteger a estabilidade no estreito de Taiwan”. A China
reivindica a ilha, com um governo autónomo, como um território seu.A
ASEAN tem sido cautelosa na disputa marítima com a China, que é o maior
parceiro comercial do bloco e o terceiro maior investidor. O
conflito não afetou as relações comerciais, uma vez que as duas partes
se concentraram na expansão de uma zona de comércio livre que abrange um
mercado de dois mil milhões de pessoas.