Autor: Lusa/AO Online
"Instamos veementemente o Hamas a cessar imediatamente a violência e os disparos contra civis palestinianos inocentes em Gaza, tanto nas zonas controladas pelo Hamas como nas que estão sob a proteção das FDI [Forças de Defesa de Israel] atrás da linha amarela", escreveu Cooper numa mensagem publicada na rede social X, referindo-se à linha definida no acordo mediado pelos Estados Unidos (EUA), Qatar, Egito e Turquia, com base no plano de paz apresentado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.
"Esta é uma oportunidade histórica para a paz. O Hamas deve aproveitá-la, cessando completamente as suas ações, cumprindo rigorosamente o plano de paz de 20 pontos do Presidente Trump e desarmando-se sem demora", acrescentou.
Apesar dos incidentes registados nos últimos dias no enclave, Cooper garantiu que os EUA continuam "muito otimistas quanto ao futuro da paz na região".
A agência espanhola EFE avançou que circulam vídeos nas redes sociais que mostram membros do Hamas a executarem pessoas algemadas nas ruas, alegando que as mesmas colaboravam com Israel.
Já a agência de notícias France-Presse (AFP) especificou que foram executados oito presumíveis "colaboradores" de Israel no meio da rua na cidade de Gaza.
Após vários dias de confrontos, testemunhas afirmaram na terça-feira que se registaram combates intensos no leste da cidade de Gaza, no bairro de Shujaia, entre uma unidade afiliada ao Hamas e clãs e bandos armados, alguns dos quais teriam sido apoiados por Israel.
A "Força de Dissuasão", um organismo recentemente criado no âmbito do aparelho de segurança do Hamas, está a "levar a cabo uma operação" para "neutralizar pessoas procuradas", afirmou uma fonte de segurança palestiniana em Gaza citada pela AFP.
Na semana passada, o comandante do Centcom acompanhou os enviados especiais de Trump, Steve Witkoff e Jared Kushner, durante uma visita à Faixa de Gaza, coincidindo com o início do cessar-fogo estipulado no plano.
Também na terça-feira, Trump avisou o Hamas que, se não entregasse as armas, seria obrigado a entregá-las rapidamente e pela força.
O líder republicano assegurou ainda que o Hamas lhe tinha garantido que iria cumprir o compromisso de desarmamento.
O cessar-fogo no enclave palestiniano entrou em vigor na passada sexta-feira, dando início à primeira fase do plano de Trump para a Faixa de Gaza, que inclui o fim dos ataques, a libertação de reféns israelitas e de prisioneiros palestinianos, bem como a retirada parcial das tropas israelitas.
O acordo, aceite por Israel e pelo Hamas, inclui também a entrega de todos os reféns mortos.
Até ao momento, o grupo islamita palestiniano apenas devolveu sete dos 28 corpos que mantinha no enclave, um atraso que aumentou as tensões sobre a aplicação do acordo.
O exército israelita confirmou hoje que, após exames realizados pelo Instituto Nacional de Medicina Legal, um dos quatro corpos entregues na terça-feira à noite pelo Hamas não corresponde a nenhum dos reféns, pelo que há 21 corpos de reféns ainda na Faixa de Gaza.
O atraso na entrega dos mortos, algo que já tinha sido previsto durante as negociações deste acordo devido às toneladas de escombros em Gaza, levou o Governo israelita a ameaçar na terça-feira restringir a entrada de ajuda humanitária através da passagem de Rafah, no sul do enclave palestiniano.
Se for avante, a segunda fase da proposta estipula a desmilitarização do Hamas, o envio de uma força internacional de estabilização e um plano de reconstrução com o apoio das nações árabes.
Em troca dos reféns entregues pelo Hamas, 1.968 prisioneiros palestinianos foram também libertados, incluindo muitos condenados por ataques mortais contra Israel, bem como 1.700 palestinianos presos por alegadas "razões de segurança", desde o início da guerra, em 07 de outubro de 2023.