EUA e Reino Unido denunciam posse de Maduro e impõem sanções
Venezuela
10 de jan. de 2025, 18:02
— Lusa/AO Online
“Maduro
demonstrou mais uma vez o seu total desrespeito pelas normas
democráticas e está a proceder a uma tomada de posse ilegítima”, disse
aos jornalistas o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança da Casa
Branca, John Kirby.O Presidente cessante
da Venezuela, Nicolás Maduro, com o apoio do exército e de uma
administração sob ordens do poder chavista, foi empossado para um
terceiro mandato de seis anos, numa cerimónia descrita como um “golpe de
Estado” pela oposição venezuelana, que reivindica a vitória do seu
candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, nas eleições
presidenciais de 28 de julho.A
administração cessante de Joe Biden aumentou de 15 para 25 milhões
de dólares a recompensa por informações que levem à captura de Nicolás
Maduro, por crimes relacionados com tráfico de droga.O anúncio faz parte de uma nova bateria de sanções que estão a ser impostas pelos EUA.Além
da recompensa por Maduro, os EUA oferecem 25 milhões de dólares (cerca
de 24,4 milhões de euros, ao câmbio atual) por informações que levem à
captura do ministro do Interior, Diosdado Cabello, e outros 15 milhões
(cerca de 14,65 milhões de euros) pela prisão do ministro da Defesa,
Vladimir Padrino.O Departamento do Tesouro
norte-americano (equivalente ao Ministério das Finanças) também impôs
sanções económicas a oito altos funcionários do Governo venezuelano que
acusa de “repressão”, incluindo o presidente da empresa petrolífera
estatal PDVSA, Héctor Obregón Pérez, e o ministro dos Transportes, Ramón
Celestino Velásquez.A administração
Biden, que será substituída a 20 de janeiro pela nova administração de
Donald Trump, disse que vai tomar “medidas adicionais” para limitar os
rendimentos de Maduro e dos seus representantes, analisando, caso a
caso, o embargo dos ativos venezuelanos no estrangeiro.Simultaneamente,
os EUA vão prorrogar por mais 18 meses o estatuto de proteção
temporária (TPS) concedido a milhares de venezuelanos, permitindo-lhes
residir e trabalhar no país.O anúncio não inclui o cancelamento das licenças concedidas a empresas
estrangeiras, como a Chevron, para a extração de petróleo na Venezuela.Um
alto funcionário do governo norte-americano explicou, numa conferência
de imprensa telefónica, que as sanções impostas são uma resposta aos
“recentes acontecimentos na Venezuela, incluindo a falsa tomada de posse
presidencial de Maduro”, que foi empossado depois de a autoridade
eleitoral o ter proclamado vencedor das eleições, sem fornecer os
resultados das mesmas, como reclamado por grande parte da comunidade
internacional, incluindo Portugal.A mesma
fonte acrescentou que González Urrutia “deve ser empossado hoje como
presidente da Venezuela” porque há “provas indiscutíveis” de que ganhou
as eleições presidenciais de 28 de julho, de acordo com as atas
apresentadas pela oposição.Já o Reino
Unido anunciou sanções a “mais 15 indivíduos associados ao regime
contestado de Nicolás Maduro, denunciando simultaneamente a sua
reivindicação ilegítima à presidência”, escreveu o Ministério dos
Negócios Estrangeiros britânico num comunicado. As sanções visam, nomeadamente, vários juízes do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela.Na
nota informativa, o chefe da diplomacia britânica, David Lammy,
descreve a nova presidência de Maduro – que inicia hoje um terceiro
mandato - como “fraudulenta”.David Lammy
impôs a nova vaga de sanções para expressar a “séria preocupação” do
executivo londrino relativamente aos resultados das eleições
presidenciais na Venezuela de 28 de julho, nas quais considera terem
sido cometidas “irregularidades significativas” e falta de
transparência. Entre os sancionados estão a
presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Caryslia Beatriz Rodríguez,
que ajudou a legitimar as eleições de 28 de julho, segundo a nota, ou o
diretor do Departamento de Investigações Criminais da Direção-Geral de
Contra-espionagem Militar (DGCIM), Asdrúbal José Brito Hernández.Lammy disse que o resultado das eleições de julho “não foi livre nem justo” e “não representa a vontade dos venezuelanos”. “As
sanções de hoje enviam uma mensagem clara. O Reino Unido não ficará
parado enquanto Maduro continua a oprimir, a minar a democracia e a
cometer flagrantes violações dos direitos humanos”, salientou. O
político trabalhista acrescenta ainda que “todos os presos políticos
devem ser libertados e a repressão continuada deve acabar” e sublinha
que Londres continuará a “apoiar os venezuelanos na sua luta por um
futuro democrático”.