EUA apresentam plano de paz para o Médio Oriente já condenado pela Palestina
28 de jan. de 2020, 12:45
— Lusa/AO Online
Trump
recebe hoje em Washington o seu aliado e primeiro-ministro israelita,
Benjamin Netanyahu, horas antes de se reunir com o líder da oposição de
Israel, Benny Gantz, para de seguida apresentar o plano de paz para o
Médio Oriente, cuja configuração confiou ao seu genro e assessor Jared
Kushner.Contudo, o primeiro-ministro
palestiniano, Mohamed Shtayeh, já disse que “não se trata de um plano de
paz para o Médio Oriente, mas um plano para proteger os seus
promotores”, referindo-se ao processo de ‘impeachment’ de Trump, que
decorre no Senado, e ao processo de que é alvo o primeiro-ministro
israelita, em campanha para as terceiras legislativas em menos de um
ano, acusado em três diferentes processos de corrupção.Por
isso, o líder palestiniano considera que a estratégia norte-americana
está condenada ao fracasso e pediu à comunidade internacional para o
boicotar, apesar de Trump ter manifestado, na segunda-feira, confiança
em que a Palestina reconsidere a sua posição.Os
palestinianos referem que o plano, que apenas será conhecido
oficialmente às 12:00 de Washington (17:00 em Portugal continental),
inclui o reconhecimento de Jerusalém como única capital de Israel, e a
anexação por Israel do vale do Jordão e dos colonatos na Cisjordânia,
tornando-o inaceitável para a Palestina.O
primeiro-ministro israelita, por seu turno, diz que espera um plano
“histórico” de Donald Trump, que considera ser o “melhor amigo que
Israel já teve”, dizendo ter muita esperança nos resultados que possa
provocar na região.Os encontros entre os
dirigentes israelitas na Casa Branca acontecem um mês antes de Netanyahu
e Gantz se enfrentarem em eleições nacionais pela terceira vez em menos
de um ano e quando se especula sobre as suas reais intenções nas
negociações com os Estados Unidos.O
Presidente da Palestina, Mohamoud Abbas, também já disse que o plano
norte-americano é demasiado favorável para Israel e impede o regresso à
mesa de negociações, a menos que seja retirado e que os EUA reconheçam a
solução de dois estados.Também Saeb
Erekat, secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina,
disse domingo que se reserva o direito de se retirar dos acordos de
Oslo, que enquadram as relações com Israel, se Trump insistir no plano
que hoje irá apresentar.Enquanto isso, o
Governo israelita aplaude a intenção dos EUA e o ministro do Interior,
Arié Dery, adiantou que está já a preparar a anexação dos colonatos na
Cisjordânia, depositando confiança no plano de Paz de Trump para
estabilizar a situação naqueles territórios.