Estudo sugere que novo coronavírus não passa de mãe para filho no útero
12 de fev. de 2020, 16:44
— Lusa/AO online
Os investigadores analisaram nove
gravidezes, sendo que todas resultaram em nados vivos, embora em duas
delas tenha havido sofrimento fetal (diminuição de oxigenação para o
feto, geralmente antes do parto).Em seis
das gravidezes foram recolhidas amostras para análise do líquido
amniótico, do cordão umbilical e amostras respiratórias de
recém-nascidos. Todas as análises resultaram negativas para o novo
coronavírus – Covid-19.O estudo constatou
ainda que os sintomas de infeção pelo novo coronavírus em gestantes são
semelhantes aos relatados nos restantes adultos, sendo que nenhuma das
mulheres estudadas desenvolveu pneumonia grave ou morreu.Os
autores da investigação publicada na revista científica The Lancet
alertam contudo que o estudo é baseado num número ainda limitado de
casos e durante um período curto de tempo, em que se incluíram apenas
mulheres com gravidezes no final do tempo e que tiveram partos por
cesariana.Os efeitos nas grávidas no
primeiro e segundo trimestre de gestação e as consequências para os
recém-nascidos permanecem ainda incertos, desconhecendo-se também se o
vírus pode ser transmitido entre mãe e filho durante um parto vaginal.O
estudo surge depois de notícias que davam conta de um recém-nascido,
filho de uma mãe infetada com o Covid-19, que 36 horas depois do parto
deu positivo para o novo coronavírus.Isto
levantou questões sobre se haveria transmissão uterina do vírus. Os
investigadores envolvidos no estudo hoje publicado avisam que o caso
concreto daquele recém-nascido tem muitos dados clínicos em falta, não
se podendo afirmar de forma definitiva se a transmissão intrauterina é
ou não possível.Huixia Yang, um dos
autores do estudo, avisa que é necessário continuar a estudar o vírus em
mulheres grávidas, apesar de nenhuma das parturientes analisadas ter
desenvolvido pneumonia grave no decurso da infeção pelo novo
coronavírus.Os investigadores confirmaram laboratorialmente a infeção nas nove grávidas e fizeram também um estudo dos seus sintomas.As mulheres incluídas no estudo tinham idades entre os 26 e os 40 anos e nenhuma tinha patologias prévia à gravidez.As
nove mulheres apresentaram sintomas típicos da infeção por Covid-19,
sem desenvolverem doença grave. Receberam terapia de suporte com
oxigénio e antibióticos (para infeções bacterianas potencialmente
associadas) e seis delas receberam também antivirais.