Estudo sobre abastecimento de gás natural na Praia da Vitória concluído este ano
5 de jun. de 2019, 15:15
— Lusa/AO Online
“O
estudo a efetuar incidirá sobre a viabilidade do mercado para este tipo
de infraestrutura e o possível corredor mais amplo na bacia do
Atlântico, da União Europeia. Pretende-se, também, delinear o mercado
potencial para instalações de abastecimento/reabastecimento de
combustível de GNL e as mais relevantes e melhores práticas que permitem
a compreensão do modelo comercial relevante, incluindo os custos de
investimento e as receitas”, adiantou a secretária regional dos
Transportes e Obras Públicas dos Açores, Ana Cunha.A
governante falava, na Praia da Vitória, num encontro do projeto
comunitário Gainn4Mos, que estuda a implementação de uma rede de
abastecimento de gás natural liquefeito na Europa e a adaptação dos
navios a este novo combustível, desenvolvido por um consórcio que
envolve Portugal, Espanha, França, Itália, Croácia e Eslovénia.A
Portos dos Açores, empresa pública que gere os portos do arquipélago,
já tinha participado no projeto Costa, que identificava o Porto da Praia
da Vitória, na ilha Terceira, como um dos possíveis postos de
abastecimento de gás natural liquefeito na Europa, mas a utilização de
GNL pelos navios não teve a evolução estimada. “É
certo que a decisão da International Maritime Organization, em
antecipar para 2020 o limite global de enxofre para 0,5%, não
impulsionou a utilização de GNL como previsto. Por outro lado, a procura
de GNL cresceu, mas de forma mais lenta do que seria, inicialmente, de
esperar”, salientou Ana Cunha, ressalvando que os Açores estão
integrados na estratégia nacional para o GNL.“O
Governo dos Açores está convicto de que este trabalho, que não se
desenvolve de um ano para o outro – é um trabalho demorado – dará os
seus frutos”, acrescentou.Em março de
2018, a Portos dos Açores conseguiu financiamento do Banco Europeu de
Investimento (BEI) para avançar com um estudo sobre o potencial do Porto
da Praia da Vitória nesta área, que dará à empresa a fundamentação
necessária – caso se venha a comprovar a viabilidade do projeto – para
convencer grandes empresas ligadas ao fornecimento de combustíveis a
investirem na criação de um posto de abastecimento de GNL na ilha
Terceira.“O que pretendemos saber de uma
forma muito clara é se é viável, de que forma e que competências
técnicas são necessárias”, adiantou, em declarações aos jornalistas, o
diretor do departamento de planeamento estratégico, controlo de gestão e
estudos da Portos dos Açores, Francisco Bettencourt.Segundo
o responsável da empresa pública açoriana, o estudo, que só avançou
devido ao financiamento do Banco Europeu de Investimentos (BEI), face ao
avultado investimento necessário, deverá estar concluído “até ao final
do ano”.“Ficámos com um estudo real atual,
porque as conclusões do projeto Costa sofreram muito com a baixa do
preço do petróleo”, apontou.A criação de
um posto de abastecimento de gás natural liquefeito no Porto da Praia da
Vitória vai depender do interesse de privados e do crescimento da
procura pelo GNL.Nesse sentido, Francisco
Bettencourt defendeu a necessidade de outras indústrias nos Açores
apostarem no novo combustível, para que a região possa “ganhar economia
de escala”.“Tem um crescimento que tem de
ir existindo e eu estou convencido de que, quanto mais indústrias se
juntarem, quando mais possibilidade houver – e continuo a frisar a parte
energética pela proximidade da central da EDA [Eletricidade dos Açores]
– pode funcionar sempre como catalisador destes operadores”, frisou.O
parlamento açoriano aprovou, em novembro, uma proposta do CDS-PP para
que a EDA adquirisse dois grupos térmicos para a central do Belo Jardim,
na Praia da Vitória, com capacidade de conversão para GNL e o
presidente do Governo Regional adiantou recentemente que um deles já
está a ser montado. Francisco Bettencourt
admitiu que a localização dos Açores pode ser uma vantagem na travessia
entre a América e a Europa, tendo em conta que o GNL “ocupa mais espaço
do que o combustível tradicional” e que os navios deverão privilegiar o
espaço para a carga, mas deixou as certezas para as conclusões do
estudo.“Vai-nos permitir ficar habilitados
para um discussão muito mais específica com qualquer privado que decida
amanhã investir”, salientou.Quanto à
localização no arquipélago, o responsável da Portos dos Açores não tem
dúvidas de que é o Porto da Praia da Vitória que reúne melhores
condições para o abastecimento de GNL.“Não
é só a centralidade do porto, é também o espaço que o porto tem. Não
temos muitos portos nos Açores que permitam ter este espaço”,
justificou.