Estudo revela que portugueses abandonam marcas que fingem ser sustentáveis
6 de ago. de 2025, 10:23
— Lusa
Ao perceberem
que a empresa pratica ‘greenwashing’ - campanhas, selos ou alegações de
comportamentos ambientais que não correspondem à realidade -, os
portugueses deixam de comprar os produtos dessa marca e procuram
alternativas mais éticas, afirmou o ISMT, num comunicado enviado à
agência Lusa. As marcas mais identificados
pelos inquiridos, que se enquadram no modelo de ‘greenwashing’, incluem
a Volkswagen, citada por cerca de 40% da amostra, seguida pela EDP e
pela Galp. As conclusões demonstram ainda um padrão de quebra de confiança, rejeição da marca e, muitas vezes, abandono definitivo. “As
pessoas não estão apenas desiludidas – estão a reagir com firmeza a um
tipo de engano que consideram particularmente grave: o uso abusivo de
causas ambientais para fins comerciais”, afirmou a professora e
investigadora no ISMT, Célia Santos, que coordenou o estudo em coautoria
com Arnaldo Coelho, da Universidade de Coimbra, e Alzira Marques, do
Instituto Politécnico de Leiria. Para a
docente, “trata-se de uma rutura racional, em que os consumidores sentem
que foram instrumentalizados e respondem afastando-se”. Este afastamento é “intencional, informado e persistente”, muitas vezes marcando o fim da relação entre consumidor e marca. “A perceção de incoerência entre o discurso e a prática ambiental não é perdoada”, sublinhou Célia Santos. A
investigação, que efetuou um inquérito a nível nacional, identificou
dois mecanismos principais que explicam o afastamento: a “confusão
verde” (dificuldade em distinguir se um produto é verdadeiramente
sustentável ou apenas promovido como tal) e o surgimento de emoções
negativas extremas, designadas como “ódio à marca”. “Quando
o consumidor percebe que não pode confiar na informação que lhe é dada,
entra num estado de alerta. Fica mais desconfiado, sente-se frustrado e
perde o sentido de controlo sobre as suas decisões de compra”,
explicou. Neste contexto, a reação é dar
seguimento a um consumo ético, onde o cliente “tenta recuperar esse
controlo escolhendo marcas que considera mais transparentes, mesmo que
isso implique mudar de hábitos ou pagar mais”. “As
emoções negativas que se geram, como a indignação ou o desprezo, não
desaparecem com uma nova campanha ou o reposicionamento da marca. Pelo
contrário, muitas vezes consolidam-se como formas de rejeição
duradoura”, notou a investigadora.