Estudo propõe substituição do sal no pão por planta halófita
11 de mai. de 2023, 17:06
— Lusa
A
equipa da ESAC-IPC é constituída pelas professoras desta instituição e
membros da Unidade de Investigação e Desenvolvimento de Química-Física
Molecular da Universidade de Coimbra (QFM-UC) Aida Moreira da Silva e
Maria João Barroca, pela técnica superior Sandrine Ressurreição, pela
estudante de Gastronomia Catarina Flores, em conjunto com a
investigadora do Centro de Estudos de Recursos Naturais, Ambiente e
Sociedade (CERNAS) do Politécnico de Viseu Raquel Guiné e pela
professora na Escola Superior de Tecnologia da Saúde do IPC e também
membro da QFM-UC Nádia Osório.O trabalho
de pesquisa decorreu no âmbito do projecto PEARLs - Potencial das
plantas marítimas na alimentação saudável: contributos para o
desenvolvimento sustentável do litoral português (Projeto INOVC+) e em
colaboração com a empresa “Tertúlia de Sabores”.A
equipa focou-se em analisar “o potencial do pó de S. perennis como
substituto nutricionalmente relevante do sal (sódio) no pão de trigo
branco, tendo sido igualmente avaliadas e comparadas com o pão
convencional as propriedades físicas, nutricionais, minerais, sensoriais
e atividade microbiológica de duas amostras de pão, no qual foi
incorporado o halófito em causa”, referiu a ESAC, numa nota de imprensa
enviada a agência Lusa.Numa das amostras
foi adicionada à base da farinha do pão uma quantidade de pó de S.
perennis equivalente à dose normal de sal (0,47%).Já em outra amostra, a equipa de investigação juntou o correspondente a metade da concentração de sódio (0,235%).Este
trabalho permitiu concluir que a “adição de pó de S. perennis promoveu
um aumento significativo de todos os nutrientes e minerais do pão, como
cálcio, fósforo, ferro e manganês”.Além da
“melhoria na qualidade do produto, as amostras concebidas foram ambas
sensorialmente bem aceites, sendo que na amostra onde o sal foi reduzido
para metade a aceitabilidade dos provadores não foi afetada”,
acrescentou a ESAC.Esta última amostra,
dado que se apresenta como uma “solução que possibilita a redução da
ingestão diária de sódio”, representa “benefícios ao nível económico e
de saúde pública e é igualmente mais promissora, no que diz respeito a
uma maior estabilidade ao longo do tempo em questão de deterioração
microbiana, causada principalmente por fungos e leveduras”.A
relevância deste estudo prende-se com o facto de o pão ser “um bem
alimentar consumido diariamente pela generalidade das pessoas e de ser
uma importante fonte de sódio na dieta humana, cuja ingestão acima do
necessário fisiologicamente tem sido associada a algumas doenças não
transmissíveis, como hipertensão, doenças cardiovasculares e acidente
vascular cerebral”, disse, citada no comunicado, a promotora principal
do projecto PEARLs, Aida Moreira da Silva.Nesta
medida, “entre as intervenções para reduzir o teor de sal no pão, a
incorporação de pó de halófitas de sabor salgado pode ser uma estratégia
a considerar seriamente”, sustentou.Deste
trabalho resultou o artigo intitulado “Re-Thinking Table Salt Reduction
in Bread with Halophyte Plant Solutions que pode ser consultado através
do ‘link’ em https://doi.org/10.3390/app13095342.