Estudo pede decisões ambiciosas para travar aquecimento global
14 de set. de 2021, 16:02
— Lusa/AO online
Na
"Avaliação de Risco das Alterações Climáticas", ferramenta desenvolvida
pelo Instituto de Relações Internacionais para informar chefes de
governo e ministros antes da cimeira sobre a emergência climática COP26
em Glasgow em novembro, é pedido aos políticos "um aumento significativo
na ambição e ação”. A
análise dos especialistas da Chatham House revela que os compromissos
assumidos pelos governos na cimeira de Paris em 2015 implicam menos de
5% de probabilidades de manter o aquecimento abaixo de dois graus
Celsius e menos de 1% de mantê-los abaixo de 1,5 graus Celsius, as metas
acordadas para travar as alterações climáticas.Novas
propostas de alguns países para reduzir ainda mais as emissões, as
chamadas "Contribuições Nacionalmente Determinadas” (NDC) ficam aquém do
que é necessário para manter o aquecimento abaixo do objetivo."O
ritmo atual dos esforços globais de descarbonização colocou o mundo no
caminho para um aquecimento de pelo menos 2,7 graus Celsius até ao final
do século”, podendo chegar aos 3,5 graus Celsius, alertam os autores do
documento. O
relatório avisa que, a manter-se a atual tendência, por volta de 2030
as temperaturas extremas significarão que mais de 400 milhões de pessoas
por ano provavelmente não conseguirão trabalhar ao ar livre e 10
milhões de pessoas poderão morrer anualmente devido à exposição ao
calor. Nos
quatro principais países produtores de milho (EUA, China, Brasil e
Argentina), a redução do rendimento poderá chegar a entre 40% e 70% na
década de 2040, quando quase 700 milhões de pessoas estarão
provavelmente expostas a secas severas e prolongadas de pelo menos seis
meses de duração.Em
2050, acrescenta o estudo, mais de 70% das pessoas em todas as regiões
do mundo serão afetadas por vagas de calor anuais, reduzindo os
rendimentos agrícolas em até 30%. Dentro
de menos de 80 anos, em 2100, o nível da água terá subido, pondo em
risco quase 200 milhões de pessoas em todo o mundo, 60 milhões das quais
estarão sujeitas a inundações anuais de rios, incluindo em cidades
populosas como Xangai, Nova York e Calcutá.Daniel
Quiggin, investigador do Programa de Ambiente e Sociedade da Chatham
House e um dos autores do relatório, alertou para outros riscos
decorrentes das alterações climáticas. Segundo
o especialista, "existe a possibilidade crescente de que eventos
relacionados com o clima desencadeiem uma sequência de incidentes
relacionados em várias regiões e setores que poderão causar interrupção
do comércio, instabilidade política, aumento da migração, aumento de
doenças infecciosas ou até mesmo conflitos armados”.