Estudo estima que em 2022 havia mais de mil milhões de obesos no mundo
1 de mar. de 2024, 09:47
— Lusa/AO Online
O
estudo, publicado na revista médica britânica The Lancet e que teve o
contributo da Organização Mundial da Saúde, indica que quase metade da
população adulta (43%) tinha excesso de peso em 2022. Em Portugal, a obesidade atingia 2,3 milhões de adultos e 107 mil crianças e adolescentes (dos 5 aos 19 anos) em 2022.Nos
adultos, a taxa de prevalência da obesidade variava no país, nesse ano,
entre 22% (homens) e 23% (mulheres). Nas crianças e jovens, a
prevalência oscilava entre 6,4% (raparigas) e 9,3% (rapazes).Desde
1990, a prevalência da doença aumentou em Portugal tanto em adultos -
14,3 pontos percentuais nos homens e 7,0 pontos percentuais nas mulheres
- como em crianças e adolescentes - 1,6 pontos percentuais nas
raparigas e 4,4 pontos percentuais nos rapazes.Ao
todo, à escala global, 879 milhões de adultos e 159 milhões de crianças
e jovens eram obesos em 2022, estima o estudo, que se baseia na análise
de dados de 221 milhões de pessoas de mais de 190 países.De
1990 a 2022, a taxa de obesidade mais do que duplicou entre adultos -
passando de 8,8% para 18,5% nas mulheres e de 4,8% para 14,0% nos homens
- e mais do que quadruplicou nas crianças e jovens - transitando de
1,7% para 6,9% nas raparigas e de 2,1% para 9,3% nos rapazes.Tonga,
Samoa Americana (Polinésia) e Nauru (Micronésia) são os países ou
territórios com a mais alta prevalência de adultos obesos em 2022 (mais
de 60% da população adulta).Nas crianças e
adolescentes, a taxa de prevalência da obesidade foi mais alta em Niue e
nas Ilhas Cook (mais de 30% da população infanto-juvenil).O
estudo apresenta igualmente dados para a magreza excessiva (peso
inferior ao recomendado), considerada uma forma de malnutrição a par da
obesidade.Entre 1990 e 2022, a proporção
mundial de crianças e jovens demasiado magros diminuiu cerca de um
quinto nas raparigas e mais de um terço nos rapazes, enquanto nos
adultos caiu para metade.Há dois anos,
havia 347 milhões de adultos e 185 milhões de crianças e adolescentes
com peso inferior ao recomendado, de acordo com estimativas do estudo.Em
Portugal, a magreza excessiva afetava 117 mil adultos e 28.700 crianças
e jovens em 2022. Nos adultos, a taxa de prevalência da falta de peso
variava entre 2,4% (mulheres) e 1,5% (homens). Nas crianças e
adolescentes, a prevalência oscilava entre 1,4% (raparigas) e 2,6%
(rapazes).Timor-Leste, Eritreia e Etiópia
são os países com a mais alta prevalência de adultos com magreza
excessiva em 2022 (mais de 20% da população adulta).Nas
crianças e adolescentes, a taxa de prevalência de falta de peso foi
mais alta na Índia, Sri Lanka e Níger (mais de 15% da população
infanto-juvenil).O estudo conclui que, em
todos os grupos etários analisados, o peso combinado das duas formas de
malnutrição (obesidade e magreza excessiva) aumentou em muitos países
entre 1990 e 2022 devido ao aumento das taxas de obesidade.Países
do Norte de África e do Médio Oriente, bem como as ilhas do Pacífico e
das Caraíbas, apresentavam as taxas de malnutrição mais elevadas em
2022.Um dos coautores do estudo, Guha
Pradeepa, da Madras Diabetes Research Foundation, organização indiana
para a investigação da diabetes, alerta, citado no comunicado da revista
The Lancet, para o risco de as alterações climáticas, as perturbações
causadas pela pandemia da covid-19 e a guerra na Ucrânia agravarem a
malnutrição, ao "aumentarem a pobreza e o custo de alimentos ricos em
nutrientes"."As repercussões disto são a
alimentação insuficiente em alguns países e famílias e a mudança para
alimentos menos saudáveis em outros", advertiu, defendendo "políticas
abrangentes para enfrentar estes desafios".