Estudo da Universidade de Coimbra aponta propriedades anticancerígenas à camarinha
20 de jul. de 2020, 11:45
— Lusa/AO Online
Nas várias experiências
desenvolvidas "em linhas celulares de cancro do cólon" por uma equipa da
Unidade de Investigação e Desenvolvimento Química-Física Molecular, da
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC),
observou-se que "extratos de camarinha conseguem inibir a proliferação
deste tipo de células cancerígenas", refere uma nota de imprensa da UC,
hoje enviada à agência Lusa.Citadas no
documento, as investigadoras da FCTUC Aida Moreira da Silva e Maria João
Barroca, coordenadoras do estudo e docentes da Escola Superior Agrária
de Coimbra, sublinham o facto de o extrato obtido a partir das folhas da
camarinheira se ter mostrado "mais eficaz do que propriamente o extrato
das bagas de camarinha"."O que é muito
interessante, atendendo a que as folhas existem durante todo o ano,
enquanto as bagas são sazonais", argumentam as autoras da investigação.O
trabalho, que envolveu a utilização de várias técnicas físico-químicas,
mostrou "resultados promissores" e a equipa de investigadores tenciona
agora alargar os testes ‘in vitro', aplicando os extratos das folhas e
bagas do arbusto em células de outros tipos de cancro."Estamos
a explorar as várias partes da camarinha e da camarinheira. Mesmo
dentro do fruto estamos a explorar evidências e comportamentos que nos
possam fornecer informação para eventuais futuros fármacos", avançam
Aida Moreira Silva e Maria João Barroca."Pretendemos recuperar estas bagas ancestrais, que eram usadas como antipirético e vermicida", relembram.As
especialistas estão ainda apostadas em explorar uma vertente
gastronómica da camarinha, "tendo já recuperado várias receitas antigas,
para que, por um lado, não se perca este património e, por outro, possa
contribuir para a subsistência de alguns agricultores da orla marítima
portuguesa".Notam que apesar de abundante
na orla marítima de Portugal, a camarinha "está ainda por explorar e a
literatura científica sobre a espécie é relativamente reduzida".O
estudo foi realizado no âmbito das atividades previstas no projeto
"IDEAS4life", financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e
cuja equipa conta com a participação de investigadores da Escola
Superior Agrária de Coimbra, da Faculdade de Farmácia da Universidade do
Porto, através da Rede de Química e Tecnologia e do Instituto Superior
de Agronomia da Universidade de Lisboa.