Estudo da Universidade de Aveiro revela confiança nas vacinas
Covid-19
25 de jul. de 2022, 17:36
— Lusa/AO Online
Com o início da
administração das primeiras vacinas contra a covid-19 em Portugal em
dezembro de 2020, uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro
(UA) quis perceber se os portugueses estavam disponíveis para tomar a
vacina e quais os fatores que poderiam estar associados à hesitação
vacinal.O estudo, realizado entre 21 de
abril e 10 de maio de 2021, incluiu um questionário ‘online’ a 1.062
professores (educação pré-escolar, ensinos básico, secundário e
superior) e a 890 profissionais de saúde (médicos, farmacêuticos,
enfermeiros e dentistas), bem como um questionário por entrevista
telefónica assistida por computador a 602 idosos não
institucionalizados.Segundo a coordenadora
do estudo, Teresa Herdeiro, “de uma forma global, os resultados obtidos
evidenciam uma elevada confiança da população na vacinação contra a
covid-19”.“É igualmente importante
salientar que os participantes no estudo que apresentavam maior
confiança nas entidades e instituições de saúde também apresentavam
maior predisposição a aceitar a vacinação”, diz a investigadora, para
quem esses dados “mostram a importância das instituições de saúde na
transmissão da informação às populações”.Teresa
Herdeiro revela que “embora a maioria dos participantes tivesse
consciência dos benefícios da vacinação, uma pequena mas significativa
proporção dos inquiridos mostrou preocupação sobre a eficácia da vacina e
seus efeitos indesejáveis, e alguns tencionavam recusar a vacinação”.Cerca
de 60% dos profissionais de saúde e idosos e aproximadamente metade dos
professores já tinham sido vacinados com a primeira dose aquando da
realização do estudo.No entanto, cerca de
10% de todos os participantes referiram que não estavam dispostos a
receber a vacina quando esta lhes fosse disponibilizada.“Embora
os participantes estivessem conscientes do potencial da vacinação para
pôr fim à pandemia da covid-19, principalmente através da prevenção da
infeção e das complicações associadas”, o estudo conclui que “uma grande
proporção dos inquiridos (superior a 30%) se mostrou cética” em relação
ao resultado.Uma das conclusões do estudo
foi que a hesitação na vacinação “estava principalmente relacionada com
a incerteza sobre a eficácia e possíveis efeitos indesejáveis da
vacina, particularmente entre professores e profissionais de saúde
(cerca de 50%), e não com a origem do fabricante da vacina”.“Mais
de 75% dos participantes consideraram as autoridades competentes como
uma fonte de informação fiável relativamente à vacinação contra a
covid-19”, anota.O estudo conclui ainda
que, enquanto cerca de 90% dos professores e profissionais de saúde
gostariam de ser testados quanto à resposta imunitária obtida após
infeção por covid-19 ou vacinação, apenas cerca de dois terços dos
idosos partilhavam o mesmo desejo.“De uma
forma geral os resultados mostraram que quem tinha maior preocupação
quanto à segurança e eficácia das vacinas era também mais cético em
relação à vacinação contra a covid-19”, acrescenta, dando conta de que
esse dado foi transversal aos três grupos em estudo (profissionais de
saúde, professores e população idosa).O
trabalho foi coordenado por Teresa Herdeiro, investigadora do Instituto
de Biomedicina (ibimed), e também assinado por Tânia Silva e Marta
Estrela, igualmente investigadoras daquela unidade de investigação da
UA.Contou ainda com a participação de
Fátima Roque e de Vítor Roque, do Instituto Politécnico da Guarda, de
Eva Gomes, da Universidade do Porto, e de Adolfo Figueiras, da
Universidade de Santiago de Compostela, Galiza, em Espanha.De
acordo com o último boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde
(DGS), divulgado na sexta-feira, 93% da população tem a vacinação
completa, 66% dos elegíveis recebeu a primeira dose de reforço e 59% dos
idosos com 80 ou mais anos a segunda dose para reforçar a imunização
contra o vírus SARS-CoV-2.