Estudo confirma importância da ecografia na deteção de cancro da mama
3 de out. de 2023, 12:03
— Lusa
“A densidade da mama –
que é maior na população jovem – pode mascarar algumas patologias que,
no entanto, podem ser detetadas através de ecografia”, explicou a
docente Rute Santos, daquele estabelecimento de ensino do Instituto
Politécnico de Coimbra, num comunicado enviado à agência Lusa.Apesar
de ser a ferramenta de diagnóstico mais utilizada no rastreio do cancro
da mama, a mamografia apresenta algumas limitações e nem sempre
consegue identificar lesões mamárias.Segundo a
investigadora e coordenadora do estudo, “a ecografia permite detetar
quistos e fibromas que nem sempre são identificados através do exame
físico e da mamografia e que podem, ou não, evoluir para quadros mais
adversos”.No estudo, 105 mulheres (com
idades entre os 18 e os 79 anos) foram submetidas a exames de
ultrassonografia (ecografia) mamária. Em 31 casos, a ecografia revelou
alterações do tecido mamário – sendo que apenas sete mulheres revelaram
ter conhecimento prévio dessas alterações.No
entanto, Rute Santos advertiu que a ecografia não deve substituir-se à
mamografia, já que os dois exames são distintos e complementares.Os
resultados apontam para um aumento da precisão do diagnóstico quando a
ecografia é utilizada como exame complementar à mamografia.A
ecografia pode ser utilizada como meio de diagnóstico precoce – “sendo
uma alternativa à mamografia em populações jovens, que genericamente
apresentam maior densidade mamária – mas deverá ser utilizada apenas de
forma complementar a partir dos 50 anos, idade a partir da qual a
Direção-Geral de Saúde recomenda o rastreio bianual através de
mamografia”, sublinhou a docente da unidade científico-pedagógica de
Imagem Médica e Radioterapia da ESTeSC.“Não
pretendemos alarmar a população, mas sim mostrar que, com a evolução
que a ultrassonografia tem registado ao longo dos últimos anos, esta
pode ser um aliado importante no rastreio do cancro de mama e também de
outras patologias”, frisou Rute Santos.A
coordenadora do estudo salientou que a ecografia “é uma técnica não
invasiva, que não utiliza radiação ionizante e é mais bem tolerada pelo
doente, podendo ser portátil também e chegar facilmente a toda a
população”.O estudo “Ultrasound as a
Method for Early Diagnosis of Breast Pathology” contou com o apoio de
estudantes da ESTeSC e a colaboração de Ana Raquel Ribeiro, do Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra, e Daniela Marques, da clínica
Joaquim Chaves Oncologia, tendo sido publicado no Journal of
Personalized Medicine.Segundo o
comunicado, o cancro da mama é a neoplasia maligna mais frequentemente
diagnosticada na população feminina em Portugal, sendo a segunda
principal causa de morte nas mulheres (ainda que a doença possa também
afetar a população masculina).De acordo com a ESTeSC, em 2020 foram detetados 7.000 novos casos, que resultaram na morte de 1.800 pacientes.