Estudo aponta pico de carga viral similar entre vacinados e não vacinados
28 de out. de 2021, 19:04
— Lusa/AO online
A
investigação decorreu no Reino Unido entre setembro de 2020 e setembro
de 2021 e contou com 621 participantes em contexto familiar, sobre os
quais foram recolhidas informações demográficas e do estado de vacinação
no momento de inscrição, tendo sido efetuados testes PCR diários para
detetar a infeção, independentemente de existirem ou não sintomas.Segundo
o estudo, foram registados 205 contactos domésticos para a variante
Delta, dos quais 53 deram positivo para a covid-19. Destes 205
contactos, 126 (62%) tinham recebido duas doses de vacina, 39 (19%)
receberam uma dose e 40 (19%) não foram vacinados. Entre
os contactos que tinham duas doses de vacina, 25% (31/126 contactos)
ficaram infetados com a variante delta em comparação com 38% (15/40) de
contactos domésticos não vacinados, comprovando um risco menor, mas
ainda apreciável, de pessoas vacinadas serem infetadas com a variante
Delta em comparação com não vacinadas. A
investigação conduzida apurou ainda que o pico da carga viral entre as
pessoas vacinadas foi semelhante ao registado entre as pessoas não
vacinadas, o que ajuda a explicar a ocorrência de um elevado número de
casos mesmo em países que já têm altos índices de vacinação.Em
relação à definição do risco de transmissão, a abordagem dos
investigadores consistiu no estado de vacinação para contactos
domésticos expostos ao primeiro caso de variante Delta detetado num
agregado familiar. O
estado de vacinação foi dividido em três categorias: não vacinado, se
não tivesse recebido uma única dose de vacina contra a covid-19 pelo
menos sete dias antes da inscrição para o estudo; parcialmente vacinado,
se recebeu uma dose pelo menos sete dias antes da inscrição; e
totalmente vacinado, se tomou duas doses mais de sete dias antes. Perante
os dados, os investigadores – oriundos de diversas instituições
britânicas, como Imperial College de Londres, Universidade de Oxford,
Universidade de Surrey, Agência de Saúde Pública inglesa e Centro
Académico de Ciências da Saúde de Manchester – reforçaram a importância
de manutenção de medidas de prevenção contra a propagação do vírus.“Ao
proceder à amostragem repetida de contactos de casos de covid-19,
descobrimos que as pessoas vacinadas podem contrair e transmitir a
infeção dentro das famílias, incluindo aos membros da família vacinados.
As medidas sociais e de saúde pública para refrear a transmissão - uso
de máscaras, distanciamento social e testes – continuam a ser
importantes, mesmo em indivíduos vacinados”, disse Anika Singanayagam,
coautora do estudo.Paralelamente,
houve 133 participantes que tiveram as trajetórias diárias de carga
viral analisadas, dos quais 49 tinham pré-variante Alfa e não estavam
vacinados, 39 tinham Alfa e não estavam vacinados, 29 tinham Delta e
estavam totalmente vacinados, e 16 tinham Delta e não estavam vacinados.
A análise indicou que a carga viral desceu mais rapidamente entre
vacinados infetados com a variante Delta face aos não vacinados com
Delta, Alfa ou pré-Alfa.Os
autores do estudo reiteraram ainda a importância das vacinas para o
controlo da pandemia ao nível de infeção grave e óbito, além da
administração de doses de reforço a todos os que são elegíveis.“A
vacinação por si só não é suficiente para evitar que as pessoas sejam
infetadas com a variante Delta e a sua disseminação em ambiente
doméstico. A transmissão contínua a que assistimos entre pessoas
vacinadas torna essencial que as pessoas não vacinadas se vacinem para
se protegerem da covid-19. Verificámos que a suscetibilidade à infeção
aumentou já dentro de alguns meses após a segunda dose da vacina, por
isso, as pessoas elegíveis para as vacinas de reforço devem recebê-las
prontamente”, concluiu Ajit Lalvani, coautor do estudo.A
covid-19 provocou pelo menos 4.969.926 mortes em todo o mundo, entre
mais de 244,94 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o
início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência
France-Presse.Em
Portugal, desde março de 2020, morreram 18.149 pessoas e foram
contabilizados 1.088.133 casos de infeção, segundo dados da
Direção-Geral da Saúde.A
doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado
no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com
variantes identificadas em vários países.