Estudo aponta para reforço da autonomia dos municípios e das finanças locais
13 de dez. de 2017, 08:41
— Lusa/AO Online
A versão final do
estudo, "O Mundo Rural e o Desenvolvimento Económico e Social de
Portugal: Uma agenda para 2014-2020", é apresentada hoje na Casa do
Concelho de Idanha-a-Nova, em Lisboa.No
documento, a que a agência Lusa teve acesso, o economista Augusto
Mateus define quatro mudanças decisivas e uma nova dinâmica transversal
para o país e, nomeadamente, para o mundo rural, concluindo que é
necessário o reforço da autonomia dos municípios e das finanças locais.O
estudo realça a necessidade de afirmar o primado da disponibilidade dos
serviços à população em articulação com "formas racionais de
descentralização do Estado".Adianta
ainda que é necessário "materializar uma efetiva compensação dos
territórios do mundo rural pelos bens e serviços ecológicos produzidos
(...)", isto é, que hajam "transferências financeiras positivas e não
meramente compensatórias dos atrasos e dificuldades".Defende
ainda a necessidade de afirmar a lógica do povoamento sobre a lógica do
ordenamento formal do território, colocando no centro das preocupações e
objetivos, as pessoas e a sua relação com a sustentabilidade ambiental.A
terceira conclusão plasmada no documento passa por garantir uma efetiva
e adequada valorização dos recursos endógenos, dando realce às
atividades primárias que devem ser desenvolvidas numa lógica mais
alargada (mercados locais, nacional e global).Por último, define a afirmação do turismo em espaço rural como uma nova fronteira do desenvolvimento económico e social."As
tendências pesadas da procura mundial (crescimento forte do mundo
emergente, diversificação dos mercados, envelhecimento da população,
valorização da diferenciação genuína, primado da experiência sobre os
meros recursos e produtos) abriram uma grande oportunidade de
internacionalização que urge aproveitar de forma sustentável e
planeada", lê-se no documento.Em
jeito de conclusão final, o documento sustenta que estas mudanças
exigem uma nova dinâmica transversal em ação no mundo rural, onde
cultura, património, inovação e talento se unam para defender bases
civilizacionais que importa não só preservar, mas que são cada vez mais
indutoras de valor futuro numa Europa em dificuldades que precisa
reinventar o seu modelo de crescimento e de desenvolvimento económico e
social.À Lusa,
o presidente do município de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto, mostrou-se
satisfeito com as conclusões do estudo: "O resultado que se apresenta
no estudo é um trabalho sobre a avaliação do país com uma caracterização
e separação entre o urbano e o rural".Sublinhou
ainda que a compilação feita dá uma análise geral do país e do que são
os municípios rurais, os urbanos e os de transição."É
importante para que seja clara e objetiva a realidade do país e para
que possam haver intervenções claras nestes municípios do mundo rural",
frisou.Perante
as conclusões e o estudo em si, o autarca entende que pode haver uma
intervenção do Estado e de outras entidades, no sentido de desenvolver
medidas e políticas específicas para estes territórios."Não
queremos transformar os municípios rurais em urbanos, nem os urbanos em
rurais. O estudo permite uma maior ligação entre o urbano e o rural. A
relação de equilíbrio entre os municípios urbanos e rurais é que faz
sentido", conclui.