Estudo aponta críticas à qualidade dos recintos escolares
25 de set. de 2017, 11:07
— Lusa/AO online
O estudo
desenvolvido pela UTAD, localizada em Vila Real, debruçou-se sobre o
planeamento do recreio escolar, contou com a colaboração do Instituto da
Criança e foi divulgado hoje, em comunicado. "O jardim-escola já
não é jardim e os recreios das escolas têm sido transformados em pátios
inertes e acéticos, qual presídio", alertou o investigador da UTAD,
Frederico Meireles. O também arquiteto paisagista e diretor do
mestrado em arquitetura paisagista da academia transmontana afirmou que
"os recintos escolares não são providos de espaço suficiente, nem tão
pouco de diversidade de elementos". "Os ambientes de brincadeira e
de estudo estão mais próximos e contidos do que nunca e a variedade de
estímulos no ambiente natural está a ser substituída por outros, de
natureza digital, limitando as oportunidades para a atividade física",
acrescentou. O estudo concluiu que as escolas apresentam "índices
baixos de espaços verdes por criança, têm uma elevada exposição solar
durante o período quente e uma quase total inexistência de elementos que
promovam o conforto bioclimático no recreio". Apontou ainda que
"os elementos construídos são insatisfatórios quanto ao desempenho no
desenvolvimento das capacidades e competências da criança, revelando
insuficiências notórias, quer quanto ao número de equipamentos, quer
face às necessidades dos utilizadores, o que, no final, se traduz numa
baixa capacidade de fomentar o desenvolvimento de novas atividades e
brincadeiras". Frederico Meireles lembrou a recente decisão do
governo em aumentar os tempos de intervalo no primeiro ciclo e assinalou
o paradoxo de "os programas escolares negligenciarem repetidamente as
atividades letivas no exterior, preferindo um controlo sobre a
criatividade". "Os próprios projetos de requalificação das
escolas vêm descurando a importância do espaço exterior na educação
social, estética e ecológica", sustentou. Num estudo anterior, a
UTAD avaliou os espaços exteriores de 20 escolas secundárias
intervencionadas pelo programa Parque Escolar e concluiu que "a área
total de recreio nas escolas secundárias nacionais é muito reduzida,
apresentando um défice de cerca de 80% inferior ao cenário ideal".