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Estudo alerta para consumo frequente de algas face a presença de metais tóxicos

Um estudo da Universidade de Coimbra encontrou níveis metais tóxicos, arsénio e iodo em algas que podem ser um risco para a saúde, alertando para o seu consumo frequente, especialmente alguns tipos de macroalgas


Autor: Lusa/AO Online

O estudo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em colaboração com a Universidade de Aveiro, analisou um total de 113 amostras selvagens e 18 produtos vendidos em supermercados em Portugal e Espanha, tendo encontrado níveis de metais tóxicos, arsénio e iodo que podem ser prejudiciais para a saúde humana.

Em declarações à agência Lusa, a investigadora do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra Elsa Teresa Rodrigues afirmou que o trabalho surgiu depois de “um ‘boom’ no consumo de macroalgas e halófitas [plantas adaptadas a viver perto do mar, como a salicórnia]” e de se saber que estas plantas “têm capacidade de retirar do ambiente metais tóxicos”.

“São organismos que têm mecanismos celulares que favorecem a absorção de metais tóxicos presentes no ambiente”, explicou.

A equipa de investigadores foi recolher macroalgas e halófitas em todo o país (incluindo Madeira e Açores), à procura de avaliar os níveis de concentração de metais tóxicos (cádmio, chumbo e mercúrio) e de arsénio e de iodo, assim como em algas vendidas em supermercados.

Na análise feita pela equipa, as macroalgas castanhas (onde se encontram a kombu ou a wakame, muito utilizadas na gastronomia japonesa) revelaram-se aquelas que apresentam níveis mais elevados dos elementos químicos referidos.

“Se formos a uma grande superfície, todas elas têm um corredor de alimentos que promovem a saúde, em que há uma prateleira cheiinha de embalagens com macroalgas – muitas delas nem são produzias em Portugal e a maior parte são as algas castanhas”, disse.

Segundo Elsa Teresa Rodrigues, “foram as algas castanhas aquelas onde se encontrou níveis mais elevados e apresentam, talvez, o maior risco”.

De acordo com o estudo, depois das macroalgas castanhas, as que apresentam maior risco são as chamadas algas vermelhas, depois as algas verdes e, por fim, as halófitas, que “parecem ser seguras”, caso não cresçam em zonas contaminadas (nomeadamente em rias e estuários).

A investigadora afirmou que a Comissão Europeia deveria estabelecer níveis máximos de metais tóxicos, arsénio e iodo em algas destinadas ao consumo humano, e consequente controlo.

Para Elsa Teresa Rodrigues, as pessoas devem evitar um consumo muito frequente e em grandes quantidades de algas, especialmente das castanhas.

“Se for comprar peixe, certamente não vai comer peixe de grandes dimensões todos os dias porque há uma probabilidade de ter mercúrio”, disse, recomendando o mesmo tipo de comportamento para algas, com um consumo consciente sobre a quantidade e frequência que as ingere e selecionar “melhor as espécies que vai consumir”.

Para Elsa Teresa Rodrigues, falta também um estudo do consumo de algas por parte da população portuguesa para se perceber aquele que é a dose, em média, de algas consumidas no país.

“Sabemos que está a aumentar a quantidade e a frequência com que se comem algas, mas não sabemos exatamente com rigor e era preciso perceber a quantidade que andamos a comer”, afirmou.