Estúdio 13 regressa com espetáculos do Paralelo Festival

26 de fev. de 2021, 12:43 — Carolina Moreira

Depois de uma interrupção de vários meses, a Blackbox do Estúdio 13 - Espaço de Indústrias Criativas volta a acolher espetáculos a partir de amanhã. O espaço retoma a atividade com a peça “Ide!”, uma residência artística do Paralelo - Festival de Dança, construído com alunos do Estúdio 13 e coreografado por Luana San Bento e João Soares.“Reabrimos agora a espetáculos com todas as normas que  foram estipuladas pela Autoridade de Saúde Regional. É uma enorme necessidade este regresso, no sentido em que tem que continuar a criação e tudo o que está associado ao palco e de uma forma presencial até porque se há normas, tal como nos outros setores, porquê não abrir?”, afirma Maria João Gouveia.A responsável pelo Estúdio 13 relembra também que “há pessoas que dependem e que vivem disto, por isso nós temos que retomar da mesma forma que os outros estão lentamente a retomar”.Segundo Maria João Gouveia, a Blackbox regressa com uma programação regional  e semanal anunciada até, pelo menos, ao mês de abril. “A restante está ainda a ser agendada, mas já há muita coisa em cima da mesa e, se tudo correr bem, teremos programação até julho”, frisa.A também artista ressalva que, além do espetáculo “Ide!” que já conta com duas sessões esgotadas, “temos criações novas para apresentar que foram feitas durante este tempo de pandemia e que vão estrear durante os próximos meses”.Maria João Gouveia fala ainda sobre a paragem forçada do setor da Cultura devido à pandemia, realçando que “tem sido muito complicado em termos de perspetivas futuras, porque nós levamos anos a trabalhar e a construir para públicos, a criar dinâmicas e, do nada, foi tudo suspenso”.“Não temos ficado parados, porque temos continuado a criar e a construir espetáculos para, quando houvesse retoma, pudéssemos responder, mas tem sido muito difícil”, refere a artista, frisando ainda que, na sua opinião, “a passagem para os espetáculos online não é uma solução, mas sim um remendo e agora temos um grande trabalho pela frente na aproximação ao público que é algo que leva muito tempo”.Também a responsável pelo Paralelo afirma que “é difícil enquanto artista não estar em palco”. “As pessoas acham que a cultura é um luxo quando não é, é o nosso trabalho e é importante e necessário para qualquer sociedade evoluída”, frisa.“A nível de recursos, tendo em conta que sou formadora e artista, metade dos meus rendimentos desapareceram e é complicado programar a nossa vida com metade do ordenado”, ressalva.Para Catarina Medeiros, uma das soluções para o setor poderia passar por “testar os artistas, principalmente no caso da dança em que as pessoas estão muito próximas e se tocam e, às vezes, há um certo receio de levar espetáculos a palco por esse motivo”. Já a hipótese de testar o público lhe parece “algo mais utópico”.Quanto ao regresso do Paralelo - Festival de Dança, que se encontrava em suspenso desde novembro do ano passado, a também artista afirma que a solução passou por “uma programação dispersa ao longo do ano” e concentrada na Blackbox do Estúdio 13.“Já não vamos conseguir ter um festival coeso e concentrado em determinados dias, porque tivemos que jogar com a disponibilidade dos artistas e dos espaços. Começamos amanhã com o ‘Ide!’ e damos continuidade, a 6 de março, com a Oficina da Musiquim para crianças dos seis aos 12 anos. Voltamos a 13 de março com a programação que ia decorrer em Santa Maria e temos o projeto ‘Empatia’ que foi adaptado para televisão e que, em princípio, será transmitido na RTP/Açores a 27 de março”, conta.Já o documentário sobre a história da dança em São Miguel está a “ser reorganizado e, mais tarde, iremos anunciar a data de estreia”.Questionada sobre os apoios da Direção Regional da Cultura ao festival, Catarina Medeiros dá conta que transitaram de 2020 para 2021, “o que é uma segurança para nós, mas por outro lado são apoios que apenas chegam depois do projeto todo estar concluído. Ou seja, talvez só no final de 2021 é que vou conseguir ter o restante do apoio e existem vários contratos por pagar e cumprir”.Apesar disso, a artista afirma que o “importante é que todos os artistas, técnicos e produtores recebam o seu dinheiro”, tendo em conta as dificuldades que os profissionais do setor têm vindo a sentir devido à pandemia.