Estudantes açorianos reclamam acesso a passes grátis em Lisboa
9 de set. de 2022, 10:15
— Mariana Lucas Furtado
A
Câmara Municipal de Lisboa concede, a partir deste mês de setembro,
gratuitidade de transportes a jovens entre os 12 e os 23 anos, e a
estudantes de Ensino Superior até à mesma idade. Contudo, a medida só
abrange jovens com residência fiscal em Lisboa, o que exclui a maioria
dos estudantes do país, e os estudantes açorianos com morada fiscal na
Região. Rita Pires, presidente da JAUPA, afirma: “eu e muitos colegas
não vamos mudar a nossa residência fiscal e deixar de ter, por exemplo, o
subsídio social de mobilidade”. Subsídio este, da iniciativa do Governo
da República, que apoia os estudantes no custo das viagens aéreas entre
a ilha de residência e o continente português. “O nosso objetivo é
que não haja estudantes «de segunda» nem «de terceira», nem que haja
discriminação só pelo sítio onde temos a residência fiscal”, afirma a
representante da associação. “Se calhar, é mais fácil para quem é de
Setúbal, ou da Covilhã, ou de um sítio qualquer, mudar a sua residência
fiscal, do que para nós que temos muito mais desvantagens em mudar a
nossa residência”, prossegue.Neste sentido, a JAUPA está a unir
esforços com outras instituições no continente, para ganhar peso e fazer
chegar a mensagem junto da Câmara Municipal de Lisboa: “Tinha de ser
assim uma coisa mais organizada, com a Federação Académica, e várias
associações de estudantes. Não podemos ser só meia dúzia de estudantes
açorianos”, avança. “Porque, na verdade, são poucos os estudantes que
têm o domicílio fiscal em Lisboa. São estudantes de todo o país e chega a
ser bastante injusto”, completa Rita Pires, estudante de mestrado no
Instituto Superior Técnico, em Lisboa.A Associação de Estudantes da
Faculdade de Arquitetura de Lisboa já emitiu uma carta aberta destinada à
Câmara, que culmina no seguinte pedido: “Alterar as condições de acesso
ao passe gratuito, de forma a incluir todos os estudantes matriculados
em IES [Instituições de Ensino Superior] de Lisboa, removendo a
obrigatoriedade de apresentação da declaração de domicílio fiscal”.“O
máximo que um estudante paga em Lisboa pelo passe metropolitano, salvo
erro, são 27 euros”, informa Rita Pires. “Para quem tenha dois, três ou
quatro filhos a estudar lá fora... a vida é difícil”.“Já quando
passou a haver o passe-estudante e a tarifa única, foi muito, muito bom.
Eu tinha colegas que viviam em Setúbal e pagavam 100€ de passe.
Passaram a pagar 20. Foi muito bom. E agora de graça, seria ainda
melhor”, desabafa.No mês passado, em declarações à agência Lusa, e
questionada sobre este mesmo tema, a Câmara de Lisboa referiu que “este é
um processo evolutivo, que será permanentemente avaliado e monitorizado
para procurar, sempre que possível, encontrar mais soluções”. Desde
então, não surgiram novos desenvolvimentos. Na primeira semana de
adesão a esta iniciativa, em agosto, a Câmara Municipal de Lisboa contou
com 447 candidaturas ao passe de mobilidade gratuita de jovens até aos
23 anos.