Estrutura de Missão da AIMA foi "operação exemplar"

Hoje 10:59 — Lusa/AO Online

Criada em meados do ano passado para dar resposta aos pedidos pendentes nos serviços públicos de cerca de meio milhão de processos pendentes de imigrantes que procuravam a regularização, muitos ao abrigo da autorização de residência e outros com base nos vistos CPLP, a estrutura de missão encerrou hoje formalmente a sua atividade, mantendo ainda a loja do Porto a dar apoio a casos por resolver.Em declarações à Lusa, Rui Armindo Freitas salientou que a estrutura resultou de uma “relação muito positiva entre a administração pública e as instituições da sociedade civil que foram fundamentais” para “um resultado absolutamente exemplar de um número de atendimentos único de cerca de meio milhão” de pessoas e que “permitiu uma verificação maciça de registos criminais que nunca tinham sido verificados”.A estrutura contou com o apoio de solicitadores e advogados além de mediadores de associações parceiras da AIMA, entre outras organizações.Esta solução permitiu, segundo o governante, “resolver um problema que era de todos, que era da sociedade portuguesa, porque se perdeu a confiança no Estado e foi preciso recuperar essa confiança” por parte de quem procura os serviços públicos.Os imigrantes “que chegaram a nós, que procuraram Portugal para uma vida melhor e cumpriam com os requisitos, tinham as suas vidas adiadas”, recordou o secretário de Estado Adjunto da Presidência e Imigração, frisando que a AIMA “continuou sempre a trabalhar e nunca parou”, cabendo-lhe agora a responsabilidade de ser a única instituição que vai gerir a verificação dos processos.A relação entre a estrutura, liderada pelo ex-governante socialista Goes Pinheiro, e a AIMA foi “totalmente virtuosa” e alguns quadros irão transitar para a agência estatal.“Haverá um reforço dessas capacidades da Agência com partes também da estrutura de missão, porque não podíamos perder o conhecimento que se acumulou ao longo de um ano e meio de trabalho”, considerou Rui Armindo Freitas, que aponta 2026 como o ano em que o Governo vai começar a discutir a integração dos imigrantes.Após a verificação em massa dos processos pendentes e a regularização de quem cumpria os procedimentos, é tempo de “investir no processo de integração”, precisou.O secretário de Estado salientou que no próximo ano serão ouvidas a sociedade civil, associações e interessados para se construir “um plano de integração com políticas que funcionem”.“É altura de olhar, perceber o que temos, de que forma é que podemos tornar estas políticas de integração mais eficazes”, porque “são o passo subsequente para que um imigrante esteja em Portugal com a sua família e se sinta bem na nossa sociedade, de acordo com aquilo que é a nossa visão para a imigração, de acordo com os nossos valores, sempre a observar aquilo que são as nossas regras e o modo de vida português”, disse ainda.Inicialmente com mais de um milhão de processos pendentes, os dados anunciado em dezembro indicam que foram decididos 93% dos processos relacionados com manifestação de interesse, 72% relacionados com autorizações de residência da CPLP, 52% de regime transitório e 10% dos processos relacionados com a renovação de autorização de residência.No total, foram decididos quase 387 mil processos pendentes e, destes, foram indeferidos mais de 59 mil.A Estrutura de Missão para a Recuperação de Processos Pendentes estava prevista no Plano de Ação para as Migrações, foi criada em julho de 2024 e tinha um prazo de validade de um ano. No entanto, em maio deste ano, o Governo decidiu prolongar este trabalho até ao final de 2025.