Estratégia para erradicar infeção por virus do papiloma humano vai abranger migrantes
4 de fev. de 2025, 11:40
— Lusa/AO Online
Segundo
disse à Lusa o diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas,
José Dinis, esta estratégia “passará muito pela vacinação, pela
literacia e em ir para o terreno e ver as populações vulneráveis, por
exemplo, os migrantes”.“Com os migrantes,
eu costumo dizer que o vírus vai e vem”, disse José Dinis, apontando
ainda a população dos Países de Linga Oficial Portuguesa (PALOP): “nos
PALOP as infeções, as neoplasias associadas ao HPV são prevalentes e são
terríveis e o câncer do colo do útero é a principal causa de morte”.Com estes contactos com a lusofonia, o responsável chamou a atenção para a importância da vacinação.Segundo
o documento de desafios e estratégias do Programa Nacional para as
Doenças Oncológicas (PNDO), da Direção-Geral da Saúde, que hoje será
divulgado, esta estratégia tem como objetivo controlar a infeção do HPV
em Portugal, diminuindo a incidência (novos casos) de todas a neoplasias
associadas. A estratégia incluirá
propostas a nível da prevenção primária, diagnóstico precoce, vacinação e
literacia, com um especial enfoque na diminuição das desigualdades
regionais. “Permitirá a acessibilidade a
populações vulneráveis através da integração das diversas comunidades e
associações neste desígnio, tais como migrantes, trabalhadores do sexo,
reclusos, populações com limitações socioeconómicas e outros grupos
minoritários”, refere o documento, a que a Lusa teve acesso.José
Dinis adiantou ainda que Portugal vai passar a fazer parte da IARC -
Agência Internacional para o Estudo das Doenças Oncológicas da
Organização Mundial da Saúde.Segundo o
relatório de 2024 da Avaliação e Monitorização dos Rastreios Oncológicos
de Base Populacional, hoje divulgado, em 2023, foi convidada a realizar
o rastreio do cancro do colo do útero 59% da população elegível e
realizados 310.976 rastreios (301.477 no Continente e 9.499 na Região
Autónoma dos Açores), com uma taxa de adesão de 94%. Os dados indicam que a cobertura populacional em 2023 desceu 5 pontos percentuais (59%) face a 2022 (64%).Do
total de mulheres rastreadas, em Portugal continental e nos Açores,
6,5% (20.206) foram referenciadas para cuidados hospitalares.A Região Autónoma da Madeira iniciou em 2023 um programa piloto para este rastreio, em 23% dos centros de saúde da região. O
diretor do PNDO explicou que este rastreio estava muito baseado nos
médicos de família, o que prejudicava as regiões onde a falta de família
é maior.José Dinis fala ainda na
importância dos kits de auto-colheita, que ainda não estão implementados
no terreno: "Espero que daqui a 30 anos o cancro do colo do útero
praticamente seja erradicado neste país".