“Estou confiante de que os alunos terão interesse em experimentar”
16 de ago. de 2024, 10:59
— Mariana Lucas Furtado
Como descreves o teu percurso no mundo da dança, em específico nas
danças de salão, e de que forma isso acompanhou a tua formação?Desde
muito cedo tive a oportunidade de explorar muitas atividades, desde a
prática de instrumentos musicais como violino, clarinete, piano e
guitarra, até desportos como ginástica artística e danças de salão. A
minha mãe, a quem devo um agradecimento enorme, sempre me incentivou a
experimentar diferentes atividades, permitindo-me descobrir as minhas
paixões e talentos. Contudo, ao iniciar a escola primária, precisei de
escolher uma dessas modalidades, devido à carga horária escolar.Foi
nesse momento que algo especial aconteceu. Com o apoio da minha família e
através de muita comunicação e reflexão, percebi que a dança me tocava
de uma forma única, diferente de qualquer outro instrumento musical ou
desporto. Esta descoberta do meu “talento interior” fez-me escolher a dança e apaixonar-me profundamente por ela.O que te fez apaixonar em específico por esta disciplina dentro da dança?Com
passar do tempo, comecei a olhar para as danças de salão de competição
mais como um desporto do que como um meio para me divertir. Esta mudança
surgiu de forma repentina, após o rompimento da minha primeira
parceria. Eu queria voar alto e sozinha, sem depender de ninguém de
forma que o mérito fosse, sobretudo, meu. Contudo, percebi que,
infelizmente, nesta modalidade apenas com um par se pode voar da maneira
que eu desejava. Devido à falta de adesão dos rapazes à dança,
motivada pelo mito de que não é um desporto masculino, ou sequer um
desporto, fiquei sem parceiro durante muito tempo. O desânimo e outros
problemas surgidos levaram-me a deixar a dança com grande pesar. No
entanto, sinto que o meu amor pela dança permanece vivo dentro de mim,
ansioso por se manifestar ao mundo. Os meus treinadores, que me
acompanharam ao longo desta jornada e aos quais serei eternamente grata,
sempre reconheceram o meu potencial e disseram que, se bem direcionada,
eu poderia ir longe. Essa confiança e incentivo ajudaram-me a
perceber que a dança não era apenas uma atividade desportiva, mas uma
verdadeira paixão.Que projeto pretendes aplicar no Colégio do Castanheiro neste próximo ano letivo?Primeiro,
gostaria de agradecer “de coração” à direção do Colégio do Castanheiro
por me apoiar nesta iniciativa e por confiarem em mim para introduzir as
danças desportivas em Ponta Delgada. Este ano letivo pretendo
implementar um projeto inovador no Colégio do Castanheiro, focado em
introduzir as danças desportivas aos alunos. Neste projeto estou a
ponderar abrir duas turmas: uma para alunos do primeiro ciclo e outra
para os alunos do segundo ciclo, devido às diferentes idades e níveis de
desenvolvimento.O projeto será desenvolvido com uma aula por semana
permitindo um equilíbrio entre a introdução da modalidade e o ritmo
escolar dos alunos. Apesar de ser uma modalidade nova, estou confiante
de que tanto os alunos quanto os pais terão interesse e curiosidade
para, pelo menos, experimentarem uma aula.Quais as perspetivas de evolução deste projeto e adesão das crianças?A
adesão das crianças, especialmente do primeiro ciclo, dependerá muito
do envolvimento dos pais, mas acredito que, com o tempo, o projeto terá
uma boa evolução.Embora seja difícil prever como o projeto se
desenvolverá, pretendo promover esta disciplina de forma gradual,
começando pelo Colégio, com a ambição de futuramente poder abrir a minha
própria escola de dança. Gostava que isto se expandisse de forma a
permitir que esta disciplina voe cada vez mais alto. Programa curricular pretende dinamizar vários estilos e técnicasNas
aulas para crianças serão abordados os ritmos latinos (como o Cha-Cha,
Samba, Rumba, Paso-Doble, Jive); e clássicos (como a Valsa Vienense,
Valsa Inglesa, Slow Fox, Quickstep e Tango) na vertente de Dança
Desportiva (sem competição), focando-se no ensino para idades jovens. Segundo o plano curricular proposto, “a
dança de salão para crianças combina rigor, elegância, música e
divertimento, tornando-se um excelente espetáculo para quem vê e um
ótimo exercício físico para quem pratica”. Os alunos irão desenvolver
técnica, postura, flexibilidade, noção rítmica e de coordenação e
sociabilidade “num ambiente de equilíbrio entre a disciplina e o
lúdico”. Para além das técnicas dos vários estilos, as crianças poderão
aprender coreografias temáticas (em grupo, solo ou pares) para serem
utilizadas em atuações ao longo do ano letivo.