Estivadores admitem não ter condições para cumprir serviços mínimos durante a greve
10 de mar. de 2020, 15:01
— Lusa/AO Online
"Para
além do elevado absentismo, que ronda os 48% (66 trabalhadores), a
A-ETPL recebeu cartas de 53 trabalhadores a suspender o seu contrato de
trabalho, em virtude de se encontrarem com vencimentos me dívida",
admitiu a direção da associação, numa carta enviada aos associados, a
que a Lusa teve acesso.A A-ETPL, uma
associação que garante a mão-de-obra para as empresas de estiva de
Lisboa, que entretanto abriu um processo de insolvência, devido à
situação financeira complicada que atravessa, admite que "dificilmente
terá condições para satisfazer os pedidos dos clientes, nomeadamente os
serviços mínimos".Esta situação poderá
provocar constrangimentos na operação de transporte marítimo de
mercadorias, sobretudo para o arquipélago dos Açores, que atualmente não
tem transporte alternativo para carga, a não ser o navio.Apesar
disso, os Ministérios do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e
das Infraestruturas e Habitação decidiram reforçar os serviços mínimos
durante a greve de estivadores, que arrancou na segunda-feira e que vai
prolongar-se até ao final do mês de março.Durante
este período de greve, os estivadores estão obrigados a processar a
carga e descarga de "todos os navios destinados ou com origem em cada
uma das regiões autónomas dos Açores e da Madeira", refere o mais
recente despacho conjunto publicado pelo Governo da República, que antes
exigia a operação de "um navio semanal" com destino às ilhas. Os
estivadores de Lisboa já tinham estado em greve, mas apenas de forma
parcial, entre 19 de fevereiro e 09 de março, mas na segunda-feira
estiveram reunidos e decidiram prolongar a paralisação até ao final
deste mês, devido às ameaças de cortes salariais e de perdas de regalias
a que estão sujeitos.