Estatuto de vítima atribuído a 87% dos casos de violência doméstica registados em 2020
24 de dez. de 2021, 09:35
— Lusa/AO Online
O documento referente ao ano
de 2020, mas só publicada agora pela Secretaria-Geral do Ministério da
Administração Interna (SGMAI), indica que foram atribuídos um total de
24.092 estatutos de vítima, representando 87,4% das situações, sendo que
10,3% das vítimas prescindiram de beneficiar deste direito.O estatuto de vítima de violência doméstica garante proteção e direitos a quem está nesta situação.O
13º relatório que caracteriza as ocorrências de violência doméstica
reportadas às forças de segurança dá conta que a PSP e a GNR registaram
27.619 participações deste tipo de crime, correspondendo uma diminuição
de 6,3% em relação a 2019, ou seja, menos 1.848 participações.A
GNR registou 13.216 ocorrências e a PSP 14.403, tendo a diminuição do
número de participações ocorrido em todo o país, com exceção dos
distritos de Portalegre (17,0%), Coimbra (3,5%), Beja (2,9%) Vila Real
(0,8%) e Braga (0,3%), em que houve um aumento. No entanto, os distritos onde se registaram mais participações foram Lisboa (6226), Porto (4427) e Setúbal (2774).Segundo o relatório, em 2020 foram recebidas pelas PSP e GNR, em média, 2.302 participações por mês, 75 por dia e três por hora.“Analisando
o período de 2008 a 2020, no conjunto das duas forças de segurança,
observa-se uma taxa de variação média anual de +0,1%. Após um aumento
dos quantitativos entre 2008 e 2010, registou-se uma diminuição até
2012, sendo que de 2013 a 2018 se verificou uma estabilização dos
mesmos, registando-se, no entanto, um aumento significativo em 2019
(+11,5%) e uma diminuição em 2020 (-6,3%)”, lê-se no documento.Sobre
as ocorrências registadas no ano passado, o relatório indica que, em
45,6% dos casos, a denúncia foi efetuada presencialmente, em 25,2% foi
feita por telefone e em 22,0% foi realizada no âmbito de ações de
policiamento de proximidade.A intervenção
policial ocorreu, geralmente, motivada por um pedido da vítima e, em
31,7% dos casos, as ocorrências foram presenciadas por menores.O
relatório de 2020 refere também que geralmente as situações tiveram
como consequências para a vítima ferimentos ligeiros (35,3%) ou ausência
de lesões físicas (64,3%) e menos de 1% dos casos os ferimentos
resultantes foram graves.De acordo com o
documento, a violência psicológica esteve presente em 82,2% das
situações, a física em 68,2%, a social em 15,3%, a económica em 8% e a
sexual em 2,8%, estando também em 34,4% dos casos problemas relacionados
com o consumo de álcool e em 17,4% consumo de estupefacientes.O documento dá igualmente conta que em 1,4% das situações foi utilizada uma arma branca ou de fogo.A PSP e a GNR detiveram 2073 suspeitos no âmbito da violência doméstica.Em
2020, à semelhança de anos anteriores, a violência doméstica continuou a
ser o crime mais reportado a nível nacional, representando 35,78% da
criminalidade registada, e a posicionar-se como o segundo crime mais
registado a seguir ao furto.O documento
avança também com dados sobre as decisões finais em processo-crime,
indicando que, entre 2015 e 2020, dos 81.032 inquéritos de violência
domésticas, 78,2% foram arquivados, 17,2% resultaram em acusação e 4,7%
em suspensão provisória do processo.A grande maioria dos processos arquivados decorreu de falta de prova.