Estamos muito perto de saber onde é que houve a "tal falha técnica" que levou ao surto de legionella
14 de nov. de 2017, 17:50
— Lusa/AO online
À saída de uma
visita à Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, em Lisboa,
interrogado se já se sabe como é que 50 pessoas - das quais cinco
morreram - apanharam esta bactéria no Hospital São Francisco Xavier,
Adalberto Campos Fernandes respondeu: "Sim, sabe-se. Está-se muito
próximo do apuramento dos factos"."Haverá
um relatório preliminar. Naturalmente, nós não vamos interferir naquilo
que desejamos que seja um inquérito do Ministério Público competente,
independente, sólido, que respeite as orientações determinadas do
segredo de justiça. Mas, eu creio que estamos em condições de perceber
onde é a tal falha técnica, que eu me pareceu que tinha ocorrido no
princípio, terá mesmo ocorrido", acrescentou.Questionado
se tem a certeza de que, desde que as autoridades souberam da presença
da bactéria no Hospital São Francisco Xavier, ninguém mais foi infetado
com 'legionella' naquele espaço, o ministro foi taxativo: "Sim, há a
certeza absoluta sobre isso. Isso é uma questão que a Direção-Geral da
Saúde (DGS), com muito cuidado, com muita atenção, acautelou. Essa
certeza existe".O
ministro da Saúde realçou que deverá estar concluído, entre quarta e
quinta-feira, o relatório preliminar conjunto do Instituto Nacional de
Saúde doutor Ricardo Jorge e da Direção-Geral da Saúde, no qual "serão
libertadas as informações que não estiverem ao abrigo do segredo de
justiça que, entretanto, foi determinado pelo Ministério Público". "Felizmente, também como a senhora diretora-geral da Saúde afirmou, confirma-se que estamos na fase final do surto", disse. Quanto
ao apuramento de responsabilidades de que falou na segunda-feira, no
parlamento, o ministro considerou que "quem tem esse poder e essa
obrigação e essa competência são, naturalmente, as entidades de
investigação, quer a Inspeção-Geral das Entidades em Saúde, quer,
sobretudo, o Ministério Público". "Há
dois níveis de responsabilidade. Naturalmente, que há um nível de
responsabilidade civil. E eu tenho conhecimento de que as entidades
envolvidas, nomeadamente as empresas que asseguravam aquele tipo de
serviço, desde o primeiro minuto sempre disseram que um nexo de
causalidade que estabelecesse essa ligação entre a libertação das torres
de refrigeração e a contaminação, a ser apurado - portanto, estamos
aqui a pôr cautelarmente o condicional nesta afirmação -, assumiriam as
responsabilidades civis que decorrem naturalmente dos danos que foram
causados às vítimas", referiu.Há
onze dias, em 03 de novembro, a DGS divulgou um comunicado dando conta
de que tinham sido "diagnosticados, no Centro Hospitalar de Lisboa
Ocidental - Hospital S. Francisco Xavier, 8 casos de doença dos
legionários".Só
na tarde do dia seguinte, quando o número de casos tinha subido para
16, foi tornado público que a bactéria estava no próprio hospital, num
segundo comunicado que referia ter sido detetada "a presença de
'legionella'", na sequência da recolha de "amostras em vários pontos dos
circuitos de água", e que assegurava já terem sido entretanto "tomadas
as medidas adequadas para interromper a possível fonte de transmissão".O
número de pessoas infetadas continuou a aumentar até esta
segunda-feira, 13 de novembro, dia em que o total de casos subiu para
50.Desde o
início deste processo, o Hospital São Francisco Xavier manteve-se a
funcionar normalmente e com todos os serviços abertos.A
'legionella' é uma bactéria responsável pela doença dos legionários,
uma forma de pneumonia grave que se inicia habitualmente com tosse seca,
febre, arrepios, dor de cabeça, dores musculares e dificuldade
respiratória, podendo também surgir dor abdominal e diarreia. A incubação da doença tem um período de cinco a seis dias depois da infeção, podendo ir até 10 dias.