Autor: Lusa/AO Online
"À sua maneira, esta foi uma história exemplar: tivemos a sociedade civil a tomar a iniciativa, tivemos o poder político a atuar em conjunto, com relevo naturalmente para o Governo, as câmaras municipais, o poder autárquico a atuar, a embaixada sempre presente, e o voluntariado a permitir esta operação", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, perante os jornalistas, após a chegada do avião.
Esta foi uma iniciativa de dois empresários, Roman Kurtysh, ucraniano residente em Portugal, e José Ângelo Neto, português, que criaram a associação Ukrainian Refugees UAPT, e que contou com apoios da companhia aérea Euroatlantic, da Galp e do Estado português.
Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que a Ukrainian Refugees UAPT tenciona repetir esta iniciativa: "Espera-se dentro de dias ter uma outra idêntica, também por via aérea".
Segundo o chefe de Estado, este "foi dos momentos em que se percebe que vale a pena fazer política" e "é o retrato de Portugal naquilo que tem sido a sua presença ao lado da Ucrânia" desde o início da invasão russa.
No aeródromo de trânsito n.º1 da Força Aérea Portuguesa estiveram também as ministras de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e da Administração Interna, Francisca Van Dunem, e a embaixadora da Ucrânia em Portugal, Inna Ohnivets.
O Presidente da República relatou aos jornalistas que quando entraram no avião os refugiados ucranianos aplaudiram e agradeceram dizendo "obrigado, obrigado". Os passageiros seguiram de autocarro para um pavilhão, sem contacto com a comunicação social.
"Isto é apenas um pequeno exemplo daquilo que está a percorrer o país e que mostra como todo o Portugal, as autoridades, mas sobretudo o povo português está com o povo ucraniano, está com o povo ucraniano lá e com o povo ucraniano cá", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado referiu que "no sábado passado à tarde apareceram em Belém o José Ângelo e o Roman Kurtysh, que disseram: nós temos com o apoio da Euroatlantic a hipótese de mandar 35 toneladas por avião de equipamento, alimentos e medicamentos, e trazer 267 pessoas, crianças, mulheres, jovens, mulheres jovens, e fazer isto de imediato, precisamos que seja declarado este voo humanitário".
"De imediato foi contactada a senhora ministra da Presidência, porque é o Governo que deve tratar dessas matérias, e a resposta do Governo foi inexcedível. Em conjunto com câmaras, a Câmara da Azambuja, a Câmara de Pinhel, também a Câmara de Lisboa", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.
A ministra de Estado e da Presidência considerou que "é um dia muito feliz, foi um momento muito emocionante e um exemplo também da forma como a sociedade civil se está a organizar para acolher refugiados ucranianos, numa parceria muito intensa de 24 sobre 24 horas entre a sociedade civil, entre as organizações públicas, entre muitas empresas que se disponibilizaram a apoiar, e com as câmaras municipais".
Mariana Vieira da Silva agradeceu a todos os envolvidos nesta iniciativa e realçou que "um conjunto muito alargado de serviços públicos" irão dar acompanhamento a estes ucranianos, da saúde à habitação, para que tenham "um acolhimento muito positivo e que dê oportunidades de vida imediatas".
"Não
é um trabalho curto, porque são muitas instituições que precisam de
fazer o seu trabalho para podermos nos próximos meses assegurar uma
integração completa destas pessoas, que hoje chegaram, na nossa
sociedade, como, aliás, vem acontecendo há muitos anos a toda a
comunidade ucraniana", acrescentou a ministra.