Espionagem extraiu alegadamente dados do telemóvel do PM espanhol
2 de mai. de 2022, 12:41
— Lusa/AO Online
Por
outro lado, a interferência no telefone móvel da ministra da Defesa
espanhola, Margarita Robles, extraiu nove megas de dados, segundo as
fontes citadas pela EFE na sequência do relatório oficial que concluiu
que os telefones dos dois governantes foram alvo de escutas "ilícitas e
externas" através daquele programa informático.Numa
conferência de imprensa no Palácio da Moncloa, sede do executivo, o
ministro da Presidência, Félix Bolaños, indicou que os dois ataques ao
telemóvel de Sánchez, em maio de 2021, e um ao de Robles, em junho
seguinte, permitiram extrair um “determinado volume de dados” cujo
conteúdo exato se desconhece de momento.As fontes citadas pela agência espanhola precisaram posteriormente a quantidade de dados.O governo espanhol não especificou se o "ataque externo" foi efetuado por um país estrangeiro ou corporação internacional.O
uso do programa informático de fabrico israelita Pegasus foi
inicialmente denunciado por membros da oposição e separatistas da
Catalunha.O programa Pegasus, fabricado
por uma empresa privada israelita, só pode ser vendido e usado por
governos, no contexto do "combate ao terrorismo", mas tem estado no
centro de vários escândalos de espionagem contra políticos, jornalistas e
defensores de direitos humanos em todo o mundo, nomeadamente Espanha,
Marrocos e França. O programa, que só pode ser vendido após autorização do governo de Israel, já foi proibido nos Estados Unidos.Na
conferência de imprensa na Moncloa, em que também participou a
porta-voz do governo espanhol, Isabel Rodriguez, o ministro Bolaños
explicou que, de acordo com os relatórios do organismo cibersegurança
espanhol (CNC), verificaram-se duas intrusões no telemóvel de Pedro
Sanchéz e uma escuta ao telefone móvel de Robles.A
"intervenção ilegal" foi confirmada na sequência de uma investigação
que ainda está em curso sobre as comunicações de todos os membros do
governo espanhol."Trata-se de factos
confirmados e de uma enorme gravidade que indicam que se verificaram
intrusões às instituições estatais e que são ilegais", acrescentou
Bolaños, informando que os factos foram comunicados hoje à Audiência
Nacional, sendo a intenção do governo apresentar uma denúncia.As
fontes citadas pela EFE disseram que o primeiro-ministro espanhol
deixou de usar há poucos dias o aparelho que esteve sob escuta. Na
sequência da conferência de imprensa do governo espanhol, Oskar Matute,
deputado independentista basco do partido EH Bildu disse que é
necessário investigar - "para que não restem dúvidas" - se os factos
anunciados hoje não foram levados a cabo "pelas cloacas do Estado" ou se
foram efetuados autonomamente. Em
declarações à rádio digital La Cafetera, Matute afirmou que a suposta
espionagem contra o primeiro-ministro e a ministra da Defesa revela que
as denúncias iniciais sobre a espionagem contra independentistas
catalães "tinham fundamento" e não eram "exagero".O
novo líder do Partido Popular, Nuñes Feijóo expressou "apoio
inequívoco" ao governo de Pedro Sanchéz e apelou à "preservação da
segurança do Estado" e das instituições.Feijóo pediu
para que "se agravem as medidas de segurança para que sejam evitados
casos de espionagem aos principais responsáveis" espanhóis.Os deputados catalães da CUP (Candidatura de Unidade Popular) Carlos
Riera, Albert Botran e David Fernàndez apresentaram uma queixa num
tribunal de Barcelona contra alegados atos de espionagem através do
programa informático Pegasus. De acordo
com um comunicado da CUP, a queixa em nome dos três deputados refere que
se trata de um delito contra a intimidade com intuito de "revelação de
segredos".Da mesma forma, a organização
separatista catalã Ómnium Cultural indicou hoje que já apresentou uma
queixa sobre eventuais atos de espionagem a membros do grupo. Por
outro lado, o Governo da Região Autónoma espanhola da Catalunha
(Generalitat) anunciou que vai inspecionar periodicamente os telefones
móveis de 500 responsáveis de cargos oficiais devido às ameaças levadas a
cabo através de programas de espionagem como o Pegasus.Anteriormente,
foram denunciadas intrusões a dezenas de independentistas catalães,
entre os quais o presidente da Generalitat, Pere Aragonès.