Especialistas admitem entrada na 5.ª vaga e defendem reforço da vacina nos mais novos
Covid-19
9 de nov. de 2021, 12:08
— Lusa/AO Online
Num artigo
datado se segunda-feira, Manuel Carmo Gomes e Carlos Antunes, da
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, defendem que, para que o
coronavírus não interfira com a normalização da vida dos portugueses,
deve combinar-se a manutenção de uma elevada proteção da população com
reforços de vacinação em faixas etárias onde têm aumentando mais os
novos casos, mesmo que tenham menor risco de doença grave.“Deve
ser assegurada a manutenção de elevado grau de proteção imunológica da
população portuguesa. Se necessário, administrando reforços vacinais em
grupos identificados como tendo maior risco de infeção e de transmissão
do vírus, e não apenas aos de maior risco para doença grave”, escrevem.Os
especialistas lembram que, nas últimas semanas, as idades onde o risco
de infeção tem sido mais elevado se situam entre os 18 e os 25 anos,
seguidos das crianças com menos de 10 anos e dos jovens adultos entre 25
e 40 anos de idade.Estas idades,
sublinham, aumentaram “a socialização após 01 de outubro, quando o país
entrou na terceira fase do desconfinamento, associado aos 85% de
cobertura vacinal alcançada”.Recordam que,
pontualmente, têm ocorrido alguns surtos em lares de idosos,
“originando incidências elevadas em maiores de 70 anos”, mas – insistem –
“globalmente não são os mais idosos que têm originado mais casos”.Contudo,
frisam, “continuam a ser os mais idosos os mais suscetíveis a doença
grave, justificando hospitalizações e, eventualmente, óbitos”.Como
exemplo, indicam que, ao longo do mês de outubro, “os maiores de 70
anos representaram cerca de 70% dos internados em enfermaria covid-19 e
cerca de 91% dos óbitos, mas apenas 15% das infeções ocorridas”.Defendem
que só a combinação de elevada cobertura vacinal com a manutenção de
medidas não farmacológicas, sobretudo o uso de máscaras e o arejamento
de espaços fechados, pode retardar significativamente a propagação do
SARS-CoV-2.“O incumprimento de pelo menos
um destes requisitos é uma explicação provável para o ressurgimento da
infeção a que assistimos presentemente na Europa, mesmo em países com
60% a 75% da população vacinada, como é o caso do Reino Unido, Bélgica,
Holanda, Alemanha, Grécia e Irlanda”, escrevem.No
artigo divulgado no ‘site’ da Faculdade de Ciências da Universidade
Nova, Manuel Carmo Gomes (epidemiologista) e Carlos Antunes (matemático)
dizem que “é previsível” que neste outono e inverno Portugal continue a
ter “uma incidência diária de várias centenas de casos e um pequeno
número de óbitos”.“Na verdade, os recentes
dados do início de novembro sugerem um ressurgimento apreciável da
infeção, sendo provável que estejamos a assistir ao início da 5.ª vaga”,
acrescentam.