Espanha e Alemanha reúnem-se em cimeira pela primeira vez desde 2013
4 de out. de 2022, 17:11
— Lusa/AO Online
A XXV Cimeira
Hispano-Alemã está agendada para quarta-feira, na Corunha, Galiza, e
dela sairá um "plano de ação" de cooperação bilateral que envolve todos
os ministérios dos dois Governos, assim como uma declaração conjunta,
segundo disseram fonte do executivo espanhol.Será
a primeira reunião entre os executivos dos dois países com o formato de
cimeira, em que estarão diversos ministros dos dois lados, desde 2013,
apesar de ao longo dos anos ter havido encontros ao nível de chefes de
Governo, realçaram as fontes do executivo de Madrid.Segundo
as mesmas fontes, o encontro servirá para reforçar e mostrar as boas
relações atuais entre Madrid e Berlim, depois da visita do
primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, a Madrid, no início deste ano, e
da ida do chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, à Alemanha, em 30 de
agosto, onde participou numa reunião do Conselho de Ministros.Nesse
dia, Espanha e Alemanha reiteraram a necessidade de acelerar as
ligações para transporte de energia entre a Península Ibérica e o resto
da Europa, com o líder do Governo alemão a garantir que fará "o
possível" para que se concretizem.Olaf
Scholz defendeu ser necessário avançar com a "grande tarefa" de
construir e reforçar a rede europeia de ligações energéticas, tanto ao
nível da eletricidade, como do hidrogénio, no futuro, mas também, e de
forma mais urgente, do gás, para tornar a União Europeia (UE) menos
dependente do gás russo.A Alemanha fará "o
possível" para concretizar os projetos relacionados com as
interconexões europeias de energia e para que se aproveitem mais as
capacidades e possibilidade de Portugal e Espanha nesta matéria, disse
Olaf Scholz.Pedro Sánchez, por seu turno,
reiterou que Portugal e Espanha pedem há anos que se acelerem as
ligações para transporte de energia entre a Península Ibérica e o resto
da Europa e que se o projeto do gasoduto dos Pirenéus "não se
desenvolver ao ritmo adequado", por obstáculos colocados por França, a
própria UE definiu "outra possibilidade", que é a de uma ligação com
Itália.A Península Ibérica, por falta de
ligações para transporte de energia ao resto da Europa, funciona como
uma "ilha energética" e tanto Portugal como Espanha fizeram
investimentos nesta área que criaram infraestruturas que agora poderiam
ser usadas para fornecer outros países europeus.Essas
"capacidades de regaseificação" europeia disponíveis na Península
Ibérica não podem ser usadas "de maneira total e completa" por falta de
gasodutos e "é isso que é preciso resolver, seja por França, seja por
Itália, mas Espanha está disposta a ser solidária e a responder à
chamada" de países como a Alemanha "que estão a sofrer a chantagem de
Putin", disse Sánchez, numa referência ao Presidente da Rússia, Vladimir
Putin.Scholz convidou Sánchez para estar
num Conselho de Ministros do Governo alemão depois de ter defendido
publicamente no dia 11 de agosto a construção de um gasoduto
pan-europeu, que ligue a Península Ibérica, desde Portugal, à Alemanha. Face
às resistências francesas a um novo gasoduto nos Pirenéus, o Governo
espanhol tem defendido que o debate não é uma questão estritamente
bilateral entre Espanha e França e que tem de ser abordada no seio da
União Europeia.