Espanha apoia criação de imposto mínimo global para super-ricos defendida pelo Brasil
4 de jun. de 2024, 21:29
— Lusa/AO Online
“Promovemos
e estamos promovendo a iniciativa brasileira para o estabelecimento de
um acordo mínimo global para um imposto sobre os bilionários”, disse
Cuerpo, numa conferência de imprensa após uma reunião bilateral, na
capital italiana, com o ministro das Finanças brasileiro, Fernando
Haddad, em que ambos discutiram as principais questões que o Brasil está
a gerir durante a sua presidência do G-20.Segundo
o ministro espanhol, o objetivo é alcançar um “crescimento mais
equitativo” a nível mundial e o G-20 constitui o quadro adequado para
alcançar este acordo de uma “tributação justa”, que “seria um passo em
frente no que diz respeito à valorização de grandes fortunas”.Cuerpo
destacou ainda que este potencial acordo marcaria um “elemento de
coesão social que é fundamental” para “um crescimento mais sustentável
para fortalecer as democracias” e para contribuir para “a luta contra a
desigualdade”.Na reunião, os dois
ministros discutiram também como “fortalecer a arquitetura financeira
internacional”, algo em que consideraram que deveria haver mais
mecanismos de poder multilateral, ao mesmo tempo que abordaram os
desafios existentes criados pela crise da dívida dos países em
desenvolvimento.Este mesmo tema será
abordado quarta-feira num fórum sobre o tema, na Cidade do Vaticano, no
qual também participarão especialistas e académicos.Em
relação ao imposto sobre os super-ricos, Haddad destacou que é “um tema
de grande relevância” que o Brasil tem conseguido colocar na agenda
mundial e garantiu que, independentemente de conseguir estabelecê-lo ou
não, “fará com que seja falado no futuro”.O
ministro brasileiro mencionou a reunião com Cuerpo numa mensagem
publicada na rede social X, na qual destacou as negociações de um acordo
de comércio entre a União Europeia e o Mercado Comum do Sul (Mercosul),
bloco fundado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, destacando que
“a aproximação entre Brasil e Espanha, América do Sul e União Europeia é
de interesse mútuo”.“São economias
complementares que podem gerar parcerias comerciais e estratégicas do
ponto de vista ambiental, da defesa da democracia e da justiça
tributária e social”, completou.Sobre as
negociações do acordo entre os blocos, que não tem conseguido avançar
devido a resistências internas em ambos os blocos, Cuerpo frisou “o
desejo conjunto” de Espanha e do Brasil de que este acordo se
concretize, e garantiu que ambos os países pretendem participar
ativamente em tal iniciativa, para que represente “o maior acordo
comercial do mundo".“Estamos conscientes
da importância que o acordo pode ter” entre o espaço europeu e o
latino-americano, afirmou o ministro espanhol.O
Brasil, que ocupa este ano a presidência do G20, convidou Portugal,
Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega e
Singapura para observadores do G20.Portugal
estará presente em mais de 100 reuniões dos grupos de trabalho, em
nível técnico e ministerial, em cinco regiões brasileiras, culminando a
presidência brasileira com a Cimeira de chefes de Estado e de Governo,
no Rio de Janeiro, em 18 e 19 de novembro.