Espaço Vaga com temporadas de intercâmbio cultural entre Açores, Noruega e Islândia
2 de fev. de 2022, 17:58
— Lusa/AO Online
Jesse
James, co-fundador do espaço e da Associação Anda e Fala, explicou à
agência Lusa que as temporadas do espaço vão ser coorganizadas com o
Centro de Arte do Norte da Noruega, com o LungA Art Festival e o Cycle
Music and Art Festival, ambos da Islândia.A
escolha daqueles dois países deve-se ao fundo EEA Grants, que apoia as
temporadas que preveem “uma série de exposições, instalações,
performances, encontros, pesquisas e jantares”.“Estas
temporadas são um projeto de programação e mediação artística para o
espaço da Vaga, que acho que vai acabar por traduzir muitas daquelas que
são as reflexões da Vaga e da associação Anda e Fala sobre os processos
e práticas culturais que nós queremos imaginar para o futuro”,
afirmou Jesse James, também responsável pela associação que organiza o
festival Walk&Talk.Com início em março
de 2022 e fim em junho de 2023, a cada temporada vão ser convidados
diferentes artistas “de várias regiões” para explorar um tema comum e
“trabalharem em conjunto na construção de um programa”.“Há
este intercâmbio em termos de projetos artísticos. De termos aqui
artistas que são de outra geografia, mas que vão ter uma oportunidade de
trabalhar a partir do contexto social e cultural dos Açores”, realçou.A
primeira temporada vai refletir sobre a “invisibilidade e as relações
de poder que existem na ocupação e na definição dos territórios”.A
segunda vai abordar a “dimensão arquipelágica dos Açores” e a terceira
pretende criar “pensamento sobre estratégias de mitigação das questões
ligadas às alterações climáticas”.“Isso é
uma experiência muito importante para nós porque estamos a trabalhar a
partir de um contexto que é diferente, mas que é também ele periférico e
que também precisa de se entender como é que se abre ao mundo”,
destacou Jesse James, a propósito do “intercâmbio cultural” entre os
Açores, a Islândia e a Noruega.Integrado
na programação, vai ser criado um “grupo de trabalho”
intitulado LabTempo, que vai “acompanhar a atividade das primeiras três
temporadas” e programar a quarta e última temporada.Para
formar esse grupo de trabalho, vai ser lançada uma “open-call” (chamada
aberta, em tradução livre) para jovens residentes em São Miguel, dos 15
aos 35 anos, que “vão ser pagos” para integrar o projeto, uma vez que a
organização tem o “compromisso” de “acabar com gratuitidade do
trabalho” na cultura.“É um projeto
formativo para a próxima geração de artistas, curadores e programadores
culturais nos Açores. Assenta numa lógica de transmissão de conhecimento
e de autonomia, para continuar a perspetivar o futuro”, salientou Jesse
James, a propósito do Labtempo, alertando para a necessidade de “fixar
profissionais qualificados na região”.Referindo
que vão ser criadas bolsas de criação por cada temporada, o organizador
afirmou que o projeto visa “falar dos temas da contemporaneidade a
partir dos Açores”, mas em “relação a outros lugares”.“Um
espaço como a Vaga, ainda para mais com dimensão de estrutura
independente, dá espaço para introduzir novas dinâmicas no contexto
institucional açoriano e forçar uma discussão sobre o que são esses
lugares de cultura”, concluiu.