Escritor João de Melo vence Prémio Literário Urbano Tavares Rodrigues
7 de out. de 2021, 16:50
— Lusa/AO Online
O prémio, instituído pela
Federação Nacional dos Professores (Fenprof), foi atribuído por unanimidade do júri, constituído pelos escritores,
professores e ensaístas José Manuel Mendes, Paula Mendes Coelho e Paulo
Sucena.Em “Livro de Vozes e Sombras”,
publicado pela Dom Quixote em junho de 2020, João de Melo faz uma
revisitação de um período recente da História de Portugal, imediatamente
a seguir ao 25 de Abril, centrando a ação em três cenários diferentes:
Lisboa, África e Açores. O tema é
recorrente na obra do autor, mas desta vez com a novidade de falar da
história da Frente de Libertação dos Açores (FLA), que logo a seguir à
revolução lutou pelo separatismo do arquipélago, descreve a editora.Neste
romance, João de Melo, “sem tomar partido, coloca a tónica nas
ambiguidades de vária ordem que vêm abalar de forma corajosa a rigidez
das fronteiras que separam colonizador e colonizado, opressor e
oprimido”, de acordo com o júri do prémio. “Não
há vinculativamente nem vencedores nem vencidos. O que emerge é o
choque brutal entre mundos e aspirações opostos”, acrescenta.Nas
palavras do júri, este livro é “uma visão corajosa e crua da humanidade
que nos obriga, aqui e agora, a questionar a relação entre os nossos
ideais e as inevitáveis sombras inerentes à sua almejada concretização”.Já no passado mês de Maio, o “Livro de vozes e sombras” tinha sido distinguido com o Grande Prémio de Literatura dst. João
de Melo nasceu, na ilha de São Miguel, Açores, em 1949. Licenciou-se em Filologia Românica
pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e foi professor nos
ensinos secundário e superior. Entre 2001 e 2010, desempenhou o cargo de conselheiro cultural na embaixada de Portugal em Madrid. Com
trinta livros publicados, entre ensaio, antologia, poesia, romance e
conto, o escritor açoriano tem obras traduzidas em Espanha, França,
Itália, Holanda, Roménia, Bulgária, Alemanha, Estados Unidos, México,
Colômbia e Croácia. Ao seu romance “Gente
Feliz com Lágrimas” foram atribuídos o Grande Prémio de Romance e Novela
da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio Fernando Namora, o
Prémio Eça de Queiroz, o Livro do Ano Antena Um e o Prémio Internacional
Cristóvão Colombo (Lima, Peru). Em 2016, recebeu o Prémio Vergílio Ferreira, consagrando a sua carreira literária.O
vencedor da última edição do Prémio de Novela e Romance Urbano Tavares
Rodrigues, em 2019, foi Luísa Costa Gomes com o romance “Florinhas de
Soror Nada”, sucedendo a Isabela Figueiredo, com “A Gorda” (em 2017), a
Lídia Jorge, com “Os Memoráveis” (em 2015), e a Ana Cristina Silva, com
“O Rei do Monte Brasil” (em 2013).Este
prémio da Fenprof alterna com o Prémio de Poesia António Gedeão, cuja
última edição, em 2020, distinguiu António Carlos Cortez.Os outros poetas distinguidos foram Daniel Jonas (2018), Nuno Júdice (2016), Manuel Gusmão (2014) e Ana Luísa Amaral (2012).Os
dois prémios distinguem a obra literária de escritores que também são
professores, com o objetivo de valorizar o seu trabalho "além do que é a
sua exigente atividade na escola". O prémio é atribuído quando se assinala o Dia Mundial dos Professores, em 05 de outubro.