Escritor açoriano Luís Rego estreia-se no conto num registo "informal" e "surreal"
13 de nov. de 2018, 19:36
— Lusa/AO online
O
autor, natural de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, considera que o
livro é um “resultado divertido” que abdica do “formalismo da
literatura”, tendo optado por palavras “muito simples” na sua
construção.A
narrativa do livro tem como pretexto a freguesia da Fajã de Cima, na
periferia de Ponta Delgada, onde “acaba a cidade e começa o campo, onde
as vidas se cruzam, um pouco como dois discos vinil que se misturam para
criar uma música completamente nova”. “Não
é bota de cano, mas também não é salto alto. É sim, outra música ou, se
preferirmos, outras histórias, outros personagens, outras fronteiras,
que podem até ultrapassar, com muita facilidade, a barreira da lógica ou
mesmo do puro e simples bom senso. E não é tão bom o desregramento de
um DJ às quatro da manhã nas Festas da Nossa Senhora da Oliveira?”,
questiona o escritor.Para
Luís Rego, foi possível construir um “universo de simbologias,
alegorias e personagens” à volta do conceito “onde a cidade acaba e
começa o campo”, e vice-versa, com base num registo “informal e leve”.Para
exemplificar o nível de surrealismo que algumas das histórias atingem, o
escritor narra um cenário onde a “malta na Fajã de Cima está a beber
umas cervejas num café e decide promover uma festa, com porco no espeto e
música, e acaba por querer convidar Fidel Castro porque existe uma
personagem que vive na localidade que trabalhou em Cuba muitos anos como
preparador físico”.“Alguém
ainda recorda que ele já está morto, algo que é completamente
irrelevante. E a festa tem lugar com um cartaz com os dizeres ‘A visita
póstuma de Fidel Castro à Fajã de Cima’”, descreve o autor do livro, que
pretende desta forma transmitir a “falta de compromisso” que existe na
obra com a seriedade e o formalismo.Luís
Rego, cuja estreia literária ocorreu em 2012 com o livro infantil “O
Arranha-Céus Horizontal”, considera que se está perante um projeto de
alguém que “gosta muito de escrever”.O
escritor viveu grande parte da vida em Lisboa, onde desempenhou funções
como redator publicitário na multinacional McCann Erickson, passando,
mais tarde, pela Fisher Portugal, o maior grupo de comunicação da
América do Sul. Foi diretor criativo da HDG Açores, agência que ficou conhecida por ter criado a Marca Açores.A
apresentação da obra, editada pelas Letras Lavadas, vai estar a cargo
de Maria das Mercês Pacheco e do próprio autor, nnum evento que surge no
âmbito da iniciativa “Arquipélago de Escritores”.