Escolas preparam regresso dos alunos e professores
9 de set. de 2020, 13:01
— Paula Gouveia
O confinamento, ditado pela necessidade de conter a disseminação do novo
coronavírus, obrigou toda a comunidade educativa a ficar em casa e a
adotar o ensino à distância, só interrompido pelos alunos do Secundário
que realizaram exames nacionais. Agora, seis meses depois, em São Miguel, todos os
alunos e professores regressam ao regime de ensino presencial, mas não
sem os cuidados possíveis.Nas escolas, fazem-se os últimos ajustes
às instalações e procedimentos a adotar nas rotinas diárias de alunos,
professores e auxiliares, a partir da próxima semana.“Temos feito
todos os esforços para que o arranque das atividades letivas decorra com
a maior tranquilidade”, repara Ulisses Barata, presidente do conselho
executivo da Escola Secundária Antero de Quental.Como explica o
responsável, para minimizar o risco de contágio, cada turma terá uma
sala fixa para a atividade letiva, havendo lugar a mudança de sala
apenas no caso das disciplinas opcionais. “Nesse caso, o aluno fará a
desinfeção do seu lugar, e irá dirigir-se para a sala onde terá a
disciplina opcional”, adianta. Nas salas das turmas que, “de um modo
geral têm 20 a 22 alunos”, as mesas estão colocadas de modo a garantir
algum distanciamento entre os alunos.Com o objetivo de “ter menos
gente a circular durante o dia dentro da escola”, os horários são
desfasados, de modo a que as aulas do terceiro ciclo e das disciplinas
de exame do Secundário decorram preferencialmente de manhã, e as
restantes disciplinas à tarde, revela ainda o presidente do conselho
executivo da Escola Secundária Antero de Quental.As entradas dos
alunos serão feitas por portões diferentes: “os alunos do 3.º ciclo, do
ensino profissional e do PROFIJ vão fazer a sua entrada pelo portão
norte e os do Secundário pelo portão sul”.No que se refere ao
refeitório, vai funcionar em três ou quatro turnos, e com mesas
individuais distanciadas uma das outras, existindo ainda na escola um
outro espaço reservado para quem traga as suas refeições de casa. No
que se refere à Educação Física, para evitar a utilização dos
balneários em simultâneo, “haverá um desfasamento de 10 minutos para que
haja tempo para desinfeção dos balneários e não haja cruzamento de
muitos alunos dentro das instalações”. Os intervalos serão de cinco
minutos. E, tendo em conta que são habituais os ajuntamentos nas zonas
de recreio e até no exterior da escola, “vamos pedir a sensibilização
dos alunos por parte dos encarregados de educação, para que tenham
consciência que os principais prejudicados podem ser os seus avós, os
seus próprios pais, no caso de um eventual contágio...”, salienta
Ulisses Barata, apelando “à consciência dos alunos”. Nos corredores
já se vêem, em locais estratégicos, dispensadores de desinfetante de
mãos. E nos bancos de madeira espalhados nas zonas de recreio estão
assinalados os lugares suprimidos de modo a garantir o distanciamento.Falta
ainda alguma sinalética no chão, a indicar o sentido em que se deverá
circular nos corredores, o que diz Ulisses Barata, será aplicada durante
esta semana.Escola Secundária da Ribeira GrandeNa
Escola Secundária da Ribeira Grande, as medidas adotadas são
semelhantes, mas haverá necessidade de alterar a hora de entrada dos
alunos de alguns anos de escolaridade.“Em três anos escolares, em
vez de entrarem às 8h45, os alunos vão entrar às 10h30, e com estas
alterações conseguimos gerir que, só em algumas situações, se ultrapasse
as 17h00 na hora da saída, estendendo a atividade letiva por mais 50
minutos”, adianta Ricardo Gonçalves, presidente da Escola Secundária da
Ribeira Grande, salientando que foi possível evitar aulas ao sábado.Na
realização dos horários, houve, contudo, a preocupação de que os alunos
do Secundário que se deslocam da zona norte do concelho, não cheguem
tarde no regresso a casa.Como explica o presidente do conselho
executivo, esta alteração dos horários deve-se também à limitação dos
transportes, uma vez que os autocarros só podem usar dois terços da sua
lotação.Quanto aos intervalos, não foi possível fazer o
desfasamento, pois como explica Ricardo Gonçalves, tendo em conta as
características das instalações, “iria criar eco e não permitiria haver
condições de trabalho”. Na escola que se confronta com
sobrelotação, e alguns espaços tiveram de ser readaptados a salas de
aula há alguns anos, será necessário abdicar, neste ano letivo, de uma
sala para isolamento de eventuais casos suspeitos de Covid-19.
“Continuamos com a mesma situação que já se regista há pelo menos quatro
anos – temos 400 a 500 alunos a mais”, afirma o presidente do conselho
executivo.Durante os intervalos, a escola pretende deixar salas
abertas onde os alunos poderão permanecer - para ajudar a colmatar a
falta de espaço de recreio em dias de chuva e incentivar a dispersão dos
alunos. Tal como na Secundária Antero de Quental, nesta escola cada
turma terá uma sala fixa, havendo mudança apenas para disciplinas
específicas. Contudo, na Secundária da Ribeira Grande a desinfeção dos
espaços será função dos assistentes operacionais “que têm tido formação e
ainda vão ter sessões de esclarecimento” e terão ao dispor equipamentos
próprios (bata, luvas, etc.)”, explica o presidente do conselho
executivo.Para gerir o refeitório, a lotação foi reduzida para dois
terços, “haverá desfasamento das horas de almoço, e estendemos mesas
individuais a mais uma sala contígua ao refeitório, com o objetivo de
tentar manter um número aproximado de refeições às fornecidas no último
ano letivo”.EBI Canto da MaiaTal como as outras escolas, a
Escola Básica Integrada Canto da Maia seguiu as orientações que constam
do documento enviado às escolas pela Direção Regional da Educação (DRE)
em julho. No edifício-sede desta escola, onde as instalações são
muito recentes, e onde há alunos desde o pré-escolar ao sexto ano de
escolaridade, será possível garantir alguma separação dos alunos não só
no que se refere aos locais de entrada, recreio, refeitório, como também
através do desfasamento de horários.Como explica Miguel Gameiro,
presidente do conselho executivo da EBI Canto da Maia, no pré-escolar e
no 1.º ciclo, “tendo em conta que os alunos são mais pequenos,
continuarão a entrar às 8h30”, usando o parque sul da escola, sendo que
os pais vão poder continuar a levar as crianças do pré-escolar à sala.No
caso do 5.º ano de escolaridade, os alunos também iniciam as suas
atividades letivas às 8h30, mas, “por motivos de transporte de alunos”, o
6.º ano só vai entrar às 9h15, estando reservado o portão da entrada
principal para estes dois anos de escolaridade. Contudo, como ressalva o
presidente do conselho executivo, a escola irá garantir atividades aos
alunos do 6.º ano que tenham de vir para a escola mais cedo. Com horas
de entrada diferentes, também os intervalos e as horas de almoço serão
desfasadas entre estes dois anos de escolaridade, explica.No
refeitório, os alunos dos vários anos de escolaridade também não se
cruzam: “a pré vai almoçar um bocadinho antes do meio dia, depois
entrará o primeiro ciclo, e a seguir o 5.º ano, e só então o 6.º ano. E o
refeitório está organizado com mesas para a pré, para o primeiro ciclo e
para o segundo ciclos, e, quando terminarem o almoço, a empresa e os
nossos funcionários vão desinfetar as mesas e as cadeiras para os
seguintes”, explica o presidente do conselho executivo.Miguel
Gameiro adianta que ainda foi equacionada a possibilidade de servir
refeições em regime ‘take-away’, mas a ideia foi abandonada “porque a
qualidade das refeições podia ficar em causa”.Com vários espaços de
recreio, “a pré vai ficar num espaço de recreio virado para sul, o
primeiro ciclo mais à frente da escola, depois o 5.º ano noutro espaço e
o 6º noutro”, revela.Em vários espaços da escola, foi colocada
sinalética para orientação dos alunos e para que saibam a distância que
devem manter uns dos outros.Quanto à Educação Física, haverá no máximo três turmas de cada vez nos espaços do complexo desportivo.A
escola manteve as turmas que já existiam, e quanto às novas tentou que
não ultrapassassem os 21 alunos. Cada turma terá uma sala atribuída, e
os alunos “só saem da sala para a atividade prática de Ciências e
Educação Tecnológica, e Educação Moral. E nestas salas, terão de
desinfetar o seu espaço, para que a outra turma entre a seguir”,
adianta.O presidente do conselho executivo revela que foi proposta à
DRE a instalação de túneis de desinfeção à entrada, estando a aguardar
resposta. Para já, está prevista a instalação de divisórias acrílicas
nas mesas duplas que existem algumas salas.EBI da Ribeira GrandeNa
Escola Básica Integrada da Ribeira Grande, optou-se por não alterar a
hora de início das atividades letivas, porque, como explica Susana
Picanço, presidente do conselho executivo, a escola-sede tem três
portões diferentes, permitindo assim que “os alunos não se misturem”.
Mas foram feitos alguns desfasamentos de horários: os do 1.º ciclo não
saem à mesma hora que os do 5.º e do 6.º anos, e têm horários de almoço
diferentes.Tendo em conta as características do edifício-sede, há
espaços de entrada, recreio e refeitório diferentes para o pré-escolar e
o primeiro ano; para o 2.º, 3.º e 4.º anos ; e para o 5.º e 6.º anos.Como
adianta Susana Picanço, “os refeitórios foram adaptados para garantir a
lotação de dois terços e não haver alunos a comer frente a frente. E as
salas de aula também já foram todas adaptadas. Para tornar possível
algum distanciamento na sala de aula, tendo em conta que as turmas são
relativamente grandes, as mesas foram colocadas enviesadas, em ‘Z’”.A
“grande preocupação” da comunidade escolar é a ventilação da escola:
as janelas não abrem e por isso não é possível a ventilação natural das
salas, sendo que o sistema de ventilação instalado usa o ar exterior – e
se é quente, assim permanece, ou seja não permite que haja entrada de
ar fresco do exterior”. A solução proposta à DRE é a instalação de
ventilação com arrefecimento, “pois substituir caixilharia é muito mais
complicado”, avança a presidente do conselho executivo.As escolas já
receberam do Governo Regional máscaras para distribuir pelos alunos,
professores e funcionários. A máscara será obrigatória, ficando isentos
de a usar apenas os alunos com menos de 10 anos.