Escola é "absolutamente essencial" no combate à violência no namoro
9 de mai. de 2023, 17:03
— Lusa
Ana Catarina
Mendes foi ouvida na Comissão de Assuntos Constitucionais,
Direitos, Liberdades e Garantias, a requerimento do partido Chega, sobre
o aumento do número de casos de violência no namoro.A
ministra defendeu que “nenhuma forma de violência é aceitável” e
referiu que a violência no namoro tem por base uma relação desigual, que
se traduz em violência física, psicológica, sexual ou verbal, entre
outras.A governante admitiu que houve um
aumento de 10% no número de denúncias nos últimos cinco anos, mas
explicou que isso pode ter como justificação haver “mais pessoas a
reconhecerem-se como vítimas de crime, numa fase mais precoce”, além de
uma maior sensibilização para a questão.“Não
devemos ir atrás do alarme social, mas antes perceber porque crescem os
números. É por haver maior confiança nas instituições e nas entidades
públicas que recebem as denúncias”, defendeu.Acrescentou
que é preciso continuar a agir ao nível da prevenção e na educação para
que “fenómenos de violência não possam acontecer”.Ana
Catarina Mendes defendeu que “a escola é absolutamente essencial” na
prevenção e combate ao fenómeno e que tem cumprido o seu papel, até na
formação de uma juventude “mais consciente dos perigos e mais
comprometida com o seu combate”.Uma
opinião diferente da partilhada pelos deputados da maioria das bancadas,
para quem o trabalho nas escolas tem-se resumido a campanhas.A
deputada do Chega Rita Matias apontou que a “escola está a caminhar em
contraciclo” e que a saúde mental dos mais jovens tem vindo a ser
negligenciada, criticando que a educação sexual seja “mais orientada
para a genitália”, com uma hipersexualização das crianças, faltando nas
escolas respostas para os jovens sobre violência no namoro.Pelo
Partido Socialista (PS), a deputada Patrícia Faro destacou um estudo da
União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), segundo o qual 77,5%
dos jovens não tem uma real perceção sobre que comportamentos são ou não
violentos.Catarina Rocha Ferreira, do
PSD, defendeu a criação de uma estratégia específica contra a violência
no namoro, enquanto a deputada Patrícia Gil Vaz, da Iniciativa Liberal,
apontou que a solução para o problema está na prevenção e não na
repressão social e em clarificar o que é exatamente o fenómeno.A
deputada comunista Alma Rivera entende que há uma normalização dos
comportamentos violentos entre os jovens e propôs que o Governo faça uma
avaliação sobre a educação sexual nas escolas.Pelo
Bloco de Esquerda, Joana Mortágua também destacou a incapacidade de os
jovens identificarem os casos de violência e questionou a ministra sobre
se a estratégia do Governo passa por parcerias com organizações da
sociedade civil ou uma política pública de acompanhamento ao fenómeno.A
ministra Ana Catarina Mendes admitiu que há ainda um “longo caminho a
percorrer” e aproveitou para destacar a importância das políticas
públicas na matéria, adiantando que estão a ser revistos os três planos
de ação da Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não Discriminação
2018-2030.Fazem parte desta estratégia o
Plano de ação para a igualdade entre mulheres e homens (PAIMH), o Plano
de ação para a prevenção e o combate à violência contra as mulheres e à
violência doméstica (PAVMVD) e o Plano de ação para o combate à
discriminação em razão da orientação sexual, identidade e expressão de
género, e características sexuais (PAOIEC).A
ministra salientou ainda que a violência no namoro não tem idade, nem
género, já que não acontece apenas entre os mais jovens e é transversal a
toda a sociedade.