Escola de Violas da Terra na Fajã de Baixo duplica número de alunos
23 de nov. de 2022, 16:13
— Lusa/AO Online
Rafael Carvalho, que
preside à Associação de Juventude Viola da Terra, adiantou à agência
Lusa que a escola da Fajã de Baixo, uma das três existentes na ilha de
São Miguel, "iniciou a sua atividade em 2008" e que, no presente ano
letivo, "duplicou o número de alunos inscritos, que frequentam as aulas
uma vez por semana, em aulas de grupo ou individuais, com duração de uma
hora".A escola, cuja atividade arrancou
em 2008 no Grupo Folclórico da Fajã de Baixo, tem atualmente alunos dos 9
aos 76 anos que frequentam aulas na sede da Junta de Freguesia da Fajã
de Baixo. Segundo o músico açoriano, que
se tem dedicado ao ensino e à divulgação do instrumento musical,
pertencente à família das violas de arame portuguesas, existem "três
escolas na ilha de São Miguel que lecionam com regularidade aulas de
viola da terra", na freguesia da Relva, na Fajã de Baixo, e ainda no
Conservatório Regional de Ponta Delgada.Rafael
Carvalho, formador na Fajã de Baixo, explicou que o projeto daquela
escola tem em conta "a individualidade de cada aluno", tentando
alargá-lo o máximo possível "a diversas faixas etárias".O
objetivo é procurar também colmatar "a falta de tocadores que é sentida
continuamente, principalmente nos grupos folclóricos", assinalou. Em
dezembro, a escola da Fajã de Baixo fará a sua apresentação musical,
com atuações individuais e conjuntas, "pela primeira vez, em público",
indicou. A médio prazo, o objetivo da
Associação Viola da Terra é alargar o número de turmas na Fajã de Baixo e
replicar o projeto por outras freguesias, procurando a proximidade com
os alunos e instituições de cada local. A
Associação Viola da Terra pretende ainda articular esta aprendizagem do
instrumento com os grupos folclóricos, ao nível de eventuais
interessados na aprendizagem, e cooperar no empréstimo de instrumentos
musicais.De acordo com o músico, há
pessoas que querem aprender a tocar, mas "não o fazem por não poderem,
inicialmente, investir na aquisição de uma viola da terra".O
professor açoriano tem-se dedicado há mais de duas décadas ao ensino do
instrumento musical, iniciado na Escola de Violas da Ribeira Quente, em
São Miguel, seguindo-se a Academia da Povoação e a Escola de Violas da
Fajã de Baixo, sendo o Conservatório Regional de Ponta Delgada o último
desses projetos. Rafael Carvalho apresentou há 10 anos o seu primeiro álbum, “Origens”.Recentemente
apresentou um álbum duplo comemorativo dos 10 anos do seu primeiro
trabalho a solo, com um CD com 20 originais para viola da terra.A
viola da terra teve origem no século XVIII e “sobreviveu graças ao
povo”. Tem a caixa em forma de oito e tem 12 cordas: três ordens duplas
(seis cordas mais agudas organizadas aos pares) e duas ordens triplas
(outras seis cordas graves e organizadas em conjunto de três).O
instrumento é também conhecido como viola de arame ou viola de dois
corações, sendo semelhante ao violão, mas de dimensões mais pequenas. No
passado, a viola da terra fazia parte do dote do noivo e o seu lugar na
casa durante o dia era em cima de uma colcha axadrezada, como adorno do
quarto do casal, assumindo, desde o povoamento do arquipélago, um lugar
de destaque nos festejos, bailes, cantorias e serões.