ERC diz que comunicação social tem “postura de grande responsabilidade”
9 de abr. de 2020, 15:25
— Lusa/AO online
“A
ERC congratula-se com o facto de se ter verificado uma postura de
grande responsabilidade e um contributo de enorme valor social por parte
da comunicação social portuguesa, na divulgação de informação premente
sobre as medidas de combate à covid-19”, lê-se na mesma nota.O
organismo considera que, “embora necessariamente o foco dos media
incida, neste momento, na pandemia e nas medidas e conselhos médicos que
lhe estão associados”, deve haver, “quer nos noticiários quer na
programação”, uma “preocupação com a diversidade e o pluralismo, no
âmbito da liberdade editorial dos diferentes media e, em especial, dos
audiovisuais”.A ERC recorda que, “a par de
muitas outras profissões, em especial as da área da saúde, os
trabalhadores das empresas mediáticas estão na linha da frente em defesa
do direito à informação e da saúde pública”.Ainda
assim, o regulador lembra princípios que já tinha divulgado no dia 05
de março, que defende devem orientar a atuação da comunicação social.De
acordo com a ERC, deve ser garantido “o cumprimento dos deveres de
rigor, abstendo-se [a comunicação social] de práticas sensacionalistas e
da formulação de títulos ou juízos especulativos”, bem como “divulgar e
cruzar informação de fontes oficiais e de fontes credíveis, valorizando
a informação médico-científica, ouvindo especialistas, e abstendo-se de
divulgar factos não confirmados”.O
organismo alerta para a necessidade de “proteger a identidade e a
reserva da intimidade da vida privada dos doentes e respetivas famílias,
o respeito pela sua dignidade mesmo ‘post mortem’, ou de pessoas
suspeitas de terem contraído o vírus”, aconselhando os media a não
“divulgar imagens e declarações de pessoas em estado de vulnerabilidade
física, psicológica e emocional” ou então a optar por usar técnicas de
tratamento gráfico para ocultação e preservação da identidade.Além
disso, afirma a ERC, “as imagens com potencial de ferir a
suscetibilidade dos espetadores” devem ser antecedidas “de uma
advertência clara sobre a natureza das imagens que serão exibidas”,
devendo ainda os media “identificar sempre a utilização de imagens de
arquivo, de modo a contextualizar corretamente os acontecimentos
retratados e a evitar situações injustificadas de alarme social”.O
regulador apela também para que a recolha e verificação de informação
não perturbem “o funcionamento das instituições de saúde e o trabalho
dos seus profissionais”, nem ocupem “desnecessariamente os recursos de
triagem, aconselhamento e encaminhamento de doentes disponibilizados
pelo Serviço Nacional de Saúde” e outros serviços.No
mesmo comunicado, a ERC refere a importância de “proteger todos os
profissionais de comunicação social, garantindo-lhes informação
atualizada e os recursos técnicos adequados”, assim como “todos os meios
de proteção individual que sejam recomendados ou obrigatórios pelas
autoridades de saúde com vista ao exercício da atividade”, alertando
igualmente para a necessidade de manter “distanciamento social”.“Os
órgãos de comunicação social têm um papel fundamental no combate à
desinformação e à divulgação de informação errada ou prejudicial,
devendo por isso reforçar o seu trabalho no sentido da identificação,
correção e reposição da verdade, pela sua especial condição de garantir
uma informação credível sobre a doença, as terapêuticas, as medidas de
proteção recomendadas pelas autoridades de saúde e outros temas
correlacionados”, conclui a ERC.O novo
coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de
1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82
mil.Em Portugal, segundo o balanço feito
hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do
que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que
representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).