Equipa do piloto Miguel Oliveira quer formar futuros campeões
16 de nov. de 2020, 13:50
— Lusa/AO Online
Quando acompanhava as provas do
piloto e o admirava à distância, Afonso Almeida, de 11 anos, não
imaginava que se viria a tornar um dos sete jovens, entre os cinco e os
14 anos, atualmente a competirem pela Miguel Oliveira Fan Racing Team e a
receber do próprio "muitas dicas" que o ajudaram a melhorar na pista e a
desejar chegar ao mesmo patamar. "Sempre
foi o meu piloto preferido. É um grande privilégio estar na equipa do
Miguel Oliveira. Um dia deixou-me ir com ele e depois andou numa moto
igual à minha, para me ajudar. A partir desse dia, comecei a ter uma
posição diferente, comecei a baixar mais na moto e começou a sair tudo
muito melhor. Já me deu muitas dicas para melhorar", salienta o campeão
nacional de Moto4/85GP. A equipa nasceu da
vontade de Miguel Oliveira e do pai, Paulo, o diretor, partilharem a
sua experiência com quem quer experimentar a modalidade e, se tiver
talento, evoluir numa estrutura que lhe permite competir a custos
inferiores, graças aos patrocínios e parcerias. "Eu
fiz o caminho das pedras", frisa, em declarações à agência Lusa, Paulo
Oliveira, 49 anos, que lamenta não ter tido um projeto semelhante que
lhe tivesse facilitado o percurso. O pai
do piloto luso lembra as somas avultadas, superiores a cinco mil euros,
que teve de gastar só para Miguel Oliveira poder experimentar fazer uma
prova de velocidade e saber se gostava ou não. As
motos da Miguel Oliveira Fan Racing Team são da equipa. Quem mostrar
interesse pode ter a experiência. "Aqueles que se destacam têm a
oportunidade de continuar connosco", explica Paulo Oliveira, que admite
não ser uma modalidade barata. "O desporto
motorizado é um desporto mais caro do que outros", realça, comparando
com o material necessário para jogar futebol, na ordem dos 100 euros,
valor inferior ao necessário "para um jogo de pneus só num fim de
semana".Por temporada, para competir numa
categoria média, implica um investimento de 50 a 60 mil euros, estima
Paulo Oliveira. Os pais dos jovens pilotos pagam entre 20 a 25 mil euros
e a equipa suporta o restante. "Nós
reduzimos os custos dos pilotos. O fato, em vez de mil euros, custa um
terço. Oferecemos o capacete e são menos 600 euros", contabiliza o pai e
agente do mais bem-sucedido piloto nacional.A
Miguel Oliveira Fan Racing Team quer fazer "a promoção do motociclismo"
e "um dos objetivos é criar campeões que possam seguir os passos do
Miguel". Agora o almadense está "numa
bolha", devido à pandemia, mas antes de aparecer a covid-19 ajudava a
dar formação técnica, a ensinar quando travar ou acelerar, a dar
informações sobre como tirar o melhor partido dos circuitos, a alertar
para a posição do corpo, inclinações, trajetórias, curvas ou equilíbrio.
"Se as pessoas virem a estrutura,
entenderão que é muito profissional, com cuidado em ter bons técnicos,
mesmo no competitivo campeonato espanhol, vê-se a diferença na própria
‘box’", enfatiza Ricardo Almeida, pai de um dos pilotos, que destaca o
"ganho em motivação" dos jovens ao fazerem parte da equipa de Miguel
Oliveira e a vantagem de terem um apoio que permite aos pais pagarem "um
terço do valor global". Segundo Ricardo
Almeida, "as motos da equipa são muito atuais, estão sempre dispostos a
melhorar e em todas as corridas faz-se acerto de material". É também
dada atenção à escola e, quando as notas baixam, há penalizações. O
pequeno Afonso Almeida tem "o sonho de um dia ser piloto de MotoGP". O
pai, Ricardo, diz à Lusa que "se não houvesse nenhum objetivo, não
estaria a ser feito o investimento financeiro e de tempo", embora não
aponte até onde chegar. Paulo Oliveira
quer "mostrar o caminho para chegar ao topo", que não teve quem lhe
indicasse, e espera que os ensinamentos sirvam no desporto e na vida,
"porque a desconcentração paga-se com a queda".