Equipa de Alexei Navalny reativa movimento político de oposição a Putin
4 de out. de 2022, 16:13
— Lusa/AO Online
"Dezenas
de milhares de pessoas na Rússia e na Ucrânia já morreram, e se nada for
feito agora, centenas de milhares mais morrerão. Vamos fazer tudo o que
estiver ao nosso alcance para evitar isto", disse a equipa de Navalny
na sua página na plataforma de mensagens instantâneas Telegram.Navalny é reconhecido como um dos principais opositores do Presidente russo, Vladimir Putin.Durante
a campanha de Navalny para as eleições presidenciais de 2018, a
oposição criou uma grande rede regional com "dezenas de sedes em todo o
país e milhares de voluntários", recordaram os aliados do opositor preso
que trabalham maioritariamente a partir do exílio devido à perseguição
judicial."Há um ano, Putin, a preparar-se
para a guerra, decidiu destruir tudo isto. Mas agora estamos de volta!
Vamos confrontar Putin e a sua guerra sangrenta com a Ucrânia. Portanto,
vamos reconstruir uma rede de contactos em toda a Rússia", anunciaram.Em
10 de junho de 2021, o sistema de justiça russo proibiu várias
organizações associadas a Navalny, incluindo o seu movimento político, o
Fundo Anticorrupção (FBK) e o Fundo para a Proteção dos Direitos dos
Cidadãos (FZPG), declarando-os "extremistas".O
próprio Navalny decidiu, em 29 de abril desse ano, antecipar a decisão
judicial e dissolver a rede de gabinetes para proteger os seus
colaboradores de processos criminais.Ivan
Zhdanov, ex-diretor exilado da FBK, explicou hoje num vídeo que o
movimento será reativado agora porque "é evidente que chegou o momento
em que um grande número de cidadãos na Rússia está ameaçado por um
enorme perigo de morte"."Chamam muitas
pessoas para as fileiras de um Exército onde matematicamente a
probabilidade de morrer é muito elevada. Isto afeta muitos, uma maioria
que infelizmente foi passiva durante muito tempo... e que agora começa a
escrever-nos e a perguntar ‘o que podem fazer?’", disse."Pareceu-nos a coisa mais lógica, porque temos uma rede, experiência e sabemos como fazê-lo", acrescentou Zhdanov.A
equipa do líder da oposição russa publicou um formulário para
selecionar novos voluntários para o movimento sob o lema "sem guerra,
sem mobilização, liberdade para Navalny"."Precisamos
de todos: artistas, advogados, ‘hackers’ ou apenas pessoas dispostas a
imprimir e entregar panfletos. Qualquer um que entenda que agora precisa
fazer a sua parte para ajudar os outros", explicou a equipa de Navalny."Não
importa onde esteja ou o que saiba fazer, há algo para todos. Pode
distribuir informação, prestar assistência jurídica, criar brochuras,
sabotar ‘sites’ governamentais ou escritórios de registo militar e
alistamento", detalharam os opositores de Putin.E
prometeram ainda: "Se está na Rússia, não precisa de anunciar
publicamente que se juntou a nós ou até mesmo dizer aos seus amigos.
Estamos empenhados em não divulgar os dados das pessoas que nos ajudam".Quando Navalny decidiu dissolver a sua rede de escritórios, anunciou que não iria desistir."Quem
se importa com o que nos chamam? Não somos um nome, nem um pedaço de
papel, nem um escritório. Somos um grupo de pessoas que se unem e
organizam os cidadãos da Rússia que são contra a corrupção, lutamos por
tribunais justos e igualdade de todos perante a lei", disse então o
dissidente russo.Navalny sofreu na Rússia em 2020 um grave envenenamento pelo qual responsabiliza o Kremlin. Em janeiro de 2021, e após um período de convalescença na Alemanha, Navalny regressou à Rússia e seria imediatamente detido.No
início deste ano, Navalny foi condenado a nove anos de prisão sob
acusações de fraude e de desobediência ao tribunal, segundo o próprio,
por motivos políticos.