Época de vindimas no Alentejo começa com incerteza sobre produção
Seca
1 de ago. de 2022, 15:27
— Lusa/AO Online
Em
declarações à agência Lusa, o presidente da Comissão Vitivinícola
Regional Alentejana (CVRA), Francisco Mateus, considerou que, para a
vinha, “as condições não foram as melhores, por causa do calor e por
haver pouca água no solo”.Com “menos
humidade na terra”, devido à seca, “não vamos ter cachos cheios”,
assinalou, notando, porém, que este até pode ser “um fator positivo”,
por poder gerar “uvas mais concentradas”, para um ano vitivinícola de
boa qualidade.Segundo o responsável, a
CVRA comunicou este ano ao Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) uma
estimativa de produção “entre menos 5% e mais 5%” em relação ao ano
passado, a partir de uma previsão com “base no pólen” feita pela
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.“Essa
previsão apontou para um número bom de cachos, só que nós tivemos menos
água”, ou seja, até junho, choveu “menos 50% do que era normal”, pelo
que “o peso de cada cacho vai ser menor, por causa da [falta de] água”,
insistiu.Adiantando que a estimativa da
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto é do “início de julho”, o
presidente da CVRA observou que, nessa altura, ainda não tinham
ocorrido os dias de maior calor e faltavam cinco semanas para o arranque
das vindimas.“É, de facto, uma previsão
que não nos dá para estarmos nem a estimar um aumento, nem a estimar uma
diminuição da produção, precisamente, por essa incerteza de todos os
dados que estão em cima da mesa”, frisou.Nesse sentido, Francisco Mateus sublinhou que só “quando as uvas forem esmagadas” se saberá “o rendimento de transformação”.Devido
ao calor extremo, ocorrido sobretudo em julho, já se registaram “alguns
choques de escaldão no Alentejo”, mas estes casos, “à partida, não são
nada de preocupante”, disse.De acordo com o
presidente desta comissão vitivinícola, alguns produtores do Alentejo
deram início à vindima no final de julho e outros irão fazê-lo durante
este mês, num processo que se prolonga durante cerca de 10 semanas.“Normalmente, a vindima no Alentejo começa de sul para norte e de este para oeste”, apontou. No
ano passado, acrescentou o responsável, foram produzidos no Alentejo
“126 milhões de litros” de vinho, sendo esta “a produção mais alta dos
últimos 30 anos”.A CVRA foi criada em 1989
e é responsável pela proteção e defesa da Denominação de Origem
Controlada (DOC) Alentejo e da Indicação Geográfica Alentejano,
certificação e controlo da origem e qualidade, promoção e fomento da
sustentabilidade.O Alentejo é líder
nacional em vinhos certificados, com cerca de 40% de valor total das
vendas num universo de 14 regiões vitivinícolas em Portugal.Com
uma área de vinha de 23,3 mil de hectares, 30% da sua produção tem como
destino a exportação para cinco destinos principais, designadamente
Brasil, Suíça, Estados Unidos da América, Reino Unido e Polónia.