Entregue no parlamento dos Açores petição contra construção de hotel em Vila Franca
15 de jul. de 2019, 12:32
— Lusa/AO Online
"O
facto de este número de assinaturas ter sido alcançado em apenas seis
dias demonstra que os açorianos não querem a construção deste hotel, nem
querem um modelo de turismo baseado neste tipo de empreendimentos",
sublinha o primeiro signatário do documento, Jorge Kol de Carvalho, numa
nota enviada à agência Lusa.Para os
promotores da petição, o documento "cumpriu o seu objetivo", porque
"obrigou o Governo Regional a pronunciar-se publicamente sobre o pedido
de prorrogação do prazo para a construção do hotel". Na
passada quinta-feira, a Secretaria Regional da Energia, Ambiente e
Turismo dos Açores anunciou ter indeferido o pedido de prorrogação do
prazo para início da construção de um hotel de cinco estrelas na praia
do Degredo, em Vila Franca, na ilha de São Miguel.“Tal
acontece por não existir enquadramento legal para a prorrogação
pretendida, em virtude de o prazo de caducidade decorrer expressamente
da lei, não estando prevista, para estas situações, a possibilidade de
prorrogação”, explicou a secretaria numa nota enviada à Lusa.Segundo
a tutela, a autorização para o início das obras do empreendimento
Quinta da Lombinha, junto à praia do Degredo, "caducou em 21 de junho".“Não
obstante, os promotores poderão apresentar um novo requerimento inicial
para a concessão de uma nova autorização, o qual será analisado e
decidido nos termos legais”, lê-se ainda na nota da Secretaria Regional
da Energia, Ambiente e Turismo.Os
promotores da petição referem que, apesar disso, o documento "foi
entregue ao destinatário, por respeito aos mais de mil peticionários e
para que em situações semelhantes, no futuro, incluindo a possibilidade
de o promotor entregar novo pedido de licença de construção, o seu
conteúdo seja tido em conta".A petição
lembra que em junho de 2018 foi autorizada – através de uma resolução do
Conselho de Governo - a construção de um hotel, com uma capacidade
prevista de 568 camas junto à praia, na freguesia de Água d’ Alto, e
aponta que a construção só é possível porque um decreto legislativo
regional de 2010 suspendeu parcialmente o Plano de Ordenamento Turístico
da Região Autónoma dos Açores (POTRAA) de 2008. Esta
suspensão permite que, na ilha de São Miguel, possa ser autorizada a
construção de novos hotéis com mais de 150 camas, mediante resolução do
Governo Regional (renegando, assim, o referido plano), alerta ainda.A petição aponta para "o impacto ambiental" da construção do hotel, com "operação numa zona costeira e sensível". Os
peticionários solicitam assim à Assembleia Legislativa da Região
Autónomas dos Açores e ao Governo da Região Autónoma dos Açores que
"atuem no sentido de não permitir a construção deste hotel com aquela
capacidade” no local.