Entre Vila Franca do Campo e Lagoa poucos procuraram passar a cerca sanitária
3 de abr. de 2020, 19:00
— Rui Pedro Paiva / Lusa
Durante a
manhã desta sexta-feira, na rotunda que divide a freguesia de Água de Pau, no
concelho da Lagoa, e Água d'Alto, em Vila Franco do Campo, três agentes
da PSP controlavam a barreira imposta devida às cercas sanitárias
criadas desde quinta-feira em todos os seis concelhos da ilha de São
Miguel. Durante cerca de uma hora, cerca
de quinze carros, vindos da Lagoa, passaram pela zona com intenção de
entrar em Vila Franca. Todos eles foram parados e interrogados pela PSP e
todos eles viram as suas intenções acedidas. Ricardo
Santos, morador em Vila Franca, foi uma destas pessoas. Quando falou à
agência Lusa, já tinha passado naquele local por duas vezes, uma vez que
saiu "quase de madrugada" para trabalhar na lota de Ponta Delgada. "Não
tive qualquer dificuldade em circular. Fui sempre parado pela polícia e
tive de mostrar uma declaração da lota. Eles pediram o documento que
era preciso e eu mostrei, sem esperar muito tempo", assinala. Quem
diz que também não teve dificuldades em atravessar a cerca sanitária
foi Carlos Freitas, que conduzia um camião com várias garrafas de gás.
Hoje já passou pelos concelhos de Lagoa, Ponta Delgada e Vila Franca e
em nenhum dos locais diz ter esperado mais do que cinco minutos. "Para já, a operação está bem montada. Não esperei tempo nenhum hoje. O máximo que esperei foram cinco minutos", destaca. Nas
raras vezes que apareceu mais do que um carro ao mesmo tempo, os
agentes da PSP no local estavam em número suficiente para acorrer às
solicitações. No caso de Tibério
Travassos, que ia levar produtos congelados aos supermercados do
concelho, os agentes de segurança sugeriram uma alteração na declaração
apresentada. "Convém pedir à empresa que
acrescente aqui que o senhor irá circular várias vezes ao dia", explicou
um dos guardas da PSP. Ainda assim, Tibério Travassos avançou. Os
três casos enquadram-se nas exceções previstas na resolução do conselho
do Governo Regional que regulamentou as cerca sanitárias em São Miguel,
uma vez que é permitida a passagem entre concelhos a profissionais de
setores essenciais e a profissionais que garantam o abastecimento de
bens essenciais - mediante a apresentação de comprovativos. Nessa
manhã, algumas pessoas que não estavam em trabalho também conseguiram
atravessar a cerca sanitária, como Sandro Vieira, morador de Rabo de
Peixe, que pretendia ir a Ponta Garça buscar a filha. "Vou
buscar a minha filha, porque temos a guarda partilhada. Tenho a ata do
divórcio, mas não sei vou conseguir passar ou não", disse à Lusa, antes
de lhe ser concedida a passagem. Também
Helena Subica, professora e moradora na Lagoa, pretendia ir à escola de
Vila Franca do Campo buscar uns "dossiês" que precisava para trabalhar a
partir de casa. A pretensão foi acedida mediante a apresentação do
cartão da escola.Em ambos os casos, os guardas no local tomaram nota dos nomes e do número do cartão de cidadão dos passageiros.Os
seguranças da PSP explicaram à Lusa que, tratando-se do primeiro dia
desde a implementação da medida, é preciso ter "bom senso" e analisar as
situações caso a caso. Os agentes
frisaram também que é necessário fazer pedagogia e explicar às pessoas
como é que "as coisas vão funcionar" a partir de agora.