Entre os boletins de voto dos emigrantes também há cheques e contas da luz
16 de out. de 2019, 17:48
— Lusa/AO online
Para exercer o seu direito de
voto, os eleitores portugueses residentes no estrangeiros deveriam
enviar de volta para Portugal a documentação que receberam em casa – um
envelope verde com o boletim de voto, dentro de um envelope branco, com
uma cópia do cartão de cidadão.Mas algumas
pessoas resolveram inovar e acrescentaram alguns itens no mínimo
insólitos: “Já encontrámos um cheque, já encontrámos duas folhas de
pensão, uma conta para pagar de luz”, tudo na mesma mesa, conta aos
jornalistas Joaquim Morgado, secretário-geral adjunto para a
Administração Eleitoral, indicando que estes documentos foram guardados e
serão devolvidos a quem os remeteu.No
pavilhão municipal do Casal Vistoso, em Lisboa, estão montadas 100 mesas
para apuramento de resultados, 70 dedicadas ao círculo da Europa e 30
dedicadas ao círculo fora da Europa, cada uma com quatro ou cinco
elementos, perfazendo um total de cerca de “500 pessoas associadas às
mesas”.Aos membros de mesa juntam-se
“cerca de 50 delegados que vêm presenciar e vêm também auditar todo o
processo” e outras “cerca de 120 pessoas” para dar apoio ao processo,
adiantou o responsável.Todas estas pessoas
estão debruçadas sobre 158 mil cartas resposta que foram recebidas –
5.800 deram entrada já hoje - de entre um universo de 1,4 milhões de
eleitores recenseados no estrangeiro. A sua função é registar os
envelopes, verificar quais os que têm condições legais para o voto poder
ser considerado e, finalmente, fazer o apuramento dos resultados.“Os
trabalhos iniciaram-se às 9:00”, referiu Joaquim Morgado, estimando que
os resultados possam ser divulgados “cerca das 22:30”.Os
círculos da Europa e Fora da Europa elegem dois deputados cada um e,
tradicionalmente, esses mandatos têm sido distribuídos entre PS e PSD.De
acordo com o secretário-geral adjunto para a Administração Eleitoral, o
processo está a decorrer de forma normal. Pelas 15:00, metade do
procedimento estava feito, mas a contagem ainda não tinha arrancado.“Os
últimos números que eu tenho são de cerca de 47% [dos boletins] já
registados”, adiantou Joaquim Morgado, considerando que “os números em
muitas mesas são muito agradáveis, muito boas surpresas, noutras também
teremos que melhorar e teremos que ter aqui uma capacidade mais de
intensificar este processo”.“Até agora
tudo está a correr normalmente, com as pequeninas situações que temos do
dia-a-dia, do normal deste processo de votação”, assinalou, destacando
que, “comparando com há quatro anos”, a participação é “muito maior”.O
atual processo de apuramento dos votos dos emigrantes “é idêntico”
aquele usado nas eleições legislativas de 2015, notou o secretário-geral
adjunto da Administração Eleitoral, explicando que “a única diferença é
que, face ao número de inscritos”, estão a ser utilizados cadernos
eleitorais desmaterializados, tecnologia usada para “o voto eletrónico
em Évora”, em vez dos tradicionais cadernos eleitorais em papel.Por
isso, era possível ouvir, praticamente a cada segundo, um ‘bip’ em cada
uma das duas salas onde estavam montadas as mesas de apuramento (uma
para cada círculo), barulho feito de cada vez que o leitor registava um
novo boletim.Hoje, a Assembleia de Recolha
e Contagem dos Votos contou também com duas “mesas especiais”, que “não
vão fazer apuramento de resultados”, mas sim tentar identificar o
remetente de um boletim que não tenha chegado de acordo com as regras
estipuladas.“Se houver condições legais
para habilitar esse voto, ele é identificado, é encaminhado para a mesa
respetiva, e a mesa respetiva acrescenta-o e contabiliza-o e delibera
sobre esse voto”, explicou Jorge Morgado, salientando que esta “é das
ações mais nobres” realizadas no dia de hoje porque permitem salvar
alguns votos. Apontando que ali não é
contada a abstenção, Joaquim Morgado sublinhou que “o valor importante a
realçar aqui é a participação” dos emigrantes nestas legislativas.