Ensino à distância provocou casos pontuais de 'cyberbullying' nos Açores
6 de dez. de 2021, 19:11
— Lusa/AO online
“O
ensino à distância trouxe-nos algumas situações muito pontuais de
assédio a alunos”, reconheceu a governante, durante uma audição
parlamentar na Comissão de Assuntos Sociais, adiantando que um dos casos
levou uma escola da região “a fazer queixa na Polícia Judiciária,
porque havia um aluno que estava a ser assediado para que lhe
extorquissem dinheiro”.Sofia
Ribeiro lembrou que está a decorrer uma campanha junto dos
estabelecimentos de ensino da região, que alerta para o “uso seguro da
internet”, e manifestou concordância com a proposta apresentada pelos
deputados do PSD e do PPM, que defende a criação de um Plano Regional de
Prevenção e Combate ao ‘Bullying’ e ‘Cyberbullying’ nos Açores.“Não
obstante haja muito trabalho que esteja a ser feito pelas nossas
escolas, nós efetivamente não temos um plano regional de prevenção do
‘bullying’ e do ‘cyberbullying’, e achamos que faz toda a pertinência
termos uma dinâmica própria e não apenas estarmos a trabalhar na
decorrência das ações que estão a ser feitas pelo Ministério da
Educação”, sublinhou.Maria
Rosário Figueiredo, da Federação de Associações de Pais e Encarregados
de Educação dos Açores, também ouvida pelos deputados, entende porém que
a proposta apresentada pelo PSD e pelo PPM é “demasiado vaga” e
necessita de incluir “verbas” e “medidas concretas” para poder funcionar
com sucesso.“Temos
de criar uma estratégia quer para o ‘bullying’, quer para o
‘cyberbullying’, mas uma estratégia com medidas efetivas e com a
afetação de recursos que é exigido”, advertiu Maria do Rosário
Figueiredo.No
seu entender, essa estratégia poderá não funcionar da igual forma em
todas as escolas da região, uma vez que as “ilhas mais pequenas” do
arquipélago têm carência de recursos humanos especializados nesta área
de prevenção contra comportamentos de risco.“Obviamente
que não funcionará da mesma maneira na ilha de São Miguel, como
funcionará na ilha de Santa Maria, porque nem temos técnicos suficientes
na área da psiquiatria e da pedopsiquiatria nestas ilhas mais
pequenas”, lembrou esta responsável pelas associações de pais da região.Maria
do Rosário Figueiredo traçou também o perfil dos alunos que podem estar
ou vir a sofrer de ‘bullying’ ou ‘cyberbullying’ nas escolas da região:
“geralmente é uma criança que não socializa tão facilmente, é uma
criança que tem já alguma problemática e esses, são os alvos mais fáceis
e são esses que não temos que identificar e ajudar”.De
acordo com os dados divulgados na Comissão de Assuntos Sociais pelo
superintendente que coordena a PSP nos Açores, Luís Viana, foram
registados no arquipélago 34 ocorrências de ofensas corporais a jovens,
durante o ano de 2021, a maioria delas em ambiente escolar, e 20 casos
de injúrias e ameaças.