Ensaio clínico mostra eficácia de terapia contra um tipo de tumor pancreático

20 de jan. de 2024, 00:49 — Lusa

O estudo, apresentado no Congresso do Cancro Gastrointestinal da Sociedade Americana de Oncologia Médica, em São Francisco (Estados Unidos), centra-se na terapia com radioligandos direcionados (RLT), que utiliza radiação para tratar células tumorais com toxicidade mínima para células saudáveis.Os investigadores testaram os radiofármacos em pacientes com tumores neuroendócrinos gastroenteropancreáticos avançados, noticiou a agência Efe.Os tumores neuroendócrinos são um tipo de cancro que se origina nas células neuroendócrinas de todo o corpo, responsáveis pela liberação de hormonas no sangue em resposta a estímulos do sistema nervoso.Os tumores neuroendócrinos gastroenteropancreáticos (no pâncreas ou outras partes gastrointestinais) são considerados malignos, mas de crescimento lento, embora alguns tenham progressão rápida e mau prognóstico, e também sejam diagnosticados em estágios avançados.Os resultados de um novo estudo demonstram que, com esta terapia como tratamento de primeira linha, a sobrevivência livre de progressão melhora em pacientes recém-diagnosticados, o que se traduz num aumento do tempo decorrido durante e após o tratamento em que o cancro não cresce nem se espalha ainda mais.Participaram no estudo 226 pacientes recentemente diagnosticados com este tipo de tumores avançados de grau 2 e 3.Os participantes que receberam o radiofármaco chegaram a 22,8 meses livres de progressão, em comparação com 8,5 meses para os outros pacientes.Este estudo avaliou pela primeira vez a eficácia desta terapia e foi apresentado esta sexta-feira no Congresso de Cancro Gastrointestinal da Sociedade Americana de Oncologia Médica, que acontece entre 18 e 20 de janeiro em São Francisco.Embora sejam tumores raros, a sua incidência aumentou mais de 500% nas últimas três décadas e há necessidade de opções de tratamento adicionais para pacientes recém-diagnosticados com doença avançada ou inoperável.“Atualmente, não existe uma terapia de primeira linha universalmente aceite para tumores neuroendócrinos gastroenteropancreáticos bem diferenciados e de alto grau”, frisou Jaume Capdevila, oncologista do Hospital Universitário Vall d'Hebron e investigador sénior do Grupo de Tumores Gastrointestinais e Endócrinos VHIO, que participou do estudo.Capdevila destacou que os resultados “representam uma potencial mudança na prática clínica” no tratamento destes pacientes.