Enfermeiros denunciam UE e Reino Unido por “bloquearem” patentes de vacinas
Covid-19
29 de nov. de 2021, 10:59
— Lusa/AO Online
A iniciativa,
coordenada pelo sindicato mundial de enfermeiros Global Nurses Union e a
Progressive International, uma organização internacional de ativistas e
organizações alinhadas com políticas de esquerda, ganha relevância com o
aparecimento de uma nova variante do coronavírus na África do Sul.O
aparecimento da nova variante B.1.1.529, afirmou a dirigente do
Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, Guadalupe Simões, é mais uma
prova da urgência para as patentes serem levantadas. “Enquanto
os países ocidentais não perceberem ou, percebendo, não fizerem nada no
sentido de libertar as patentes das vacinas, o mundo continuará a
correr sérios riscos de aumento do número de mortes (…) por aquilo que
possa vir a ser uma maior agressividade de uma variante deste vírus”,
afirmou à agência Lusa.Além da União
Europeia (UE), e Reino Unido, são nomeadas na queixa a Noruega, a Suíça e
Singapura por terem "sistematicamente bloqueado uma renúncia temporária
de direitos de propriedade intelectual farmacêutica empresarial sob o
Acordo da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre Direitos de
Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (Acordo TRIPS)”. A
recusa em aceitar o levantamento das patentes, alegam os enfermeiros,
representa uma “ameaça imediata ao direito das pessoas à saúde” e
sublinham que a pandemia causou a morte de pelo menos 115.000
profissionais de saúde. Uma petição pública também vai ser lançada na Internet [https://covid19criminals.exposed/]. A
proposta de suspensão das patentes industriais para a produção de
vacinas e tratamentos à covid-19 foi feita no ano passado pela África do
Sul e Índia na Organização Mundial do Comércio (OMC) para acelerar o
fabrico e distribuição de vacinas a países em desenvolvimento. Segundo
o comunicado, 45% da população mundial ainda não recebeu sequer uma
dose da vacina covid-19, isto apesar de muitos dos países ricos terem
mais de 80% das suas populações imunizadas e estarem já a administrar
terceiras doses de reforço.A iniciativa
acontece poucos dias antes de a questão ser discutida na reunião
ministerial da OMC de 30 de novembro a 03 de dezembro em Genebra. Guadalupe
Simões considerou que manter a propriedade intelectual sobre as vacinas
equivale à "comercialização do direito à saúde, tanto mais que estas
vacinas foram construídas e foram descobertas com fundos públicos
europeus”.A manutenção das patentes sobre
as vacinas, enfatiza a dirigente do Sindicato de Enfermeiros
Portugueses, "coloca em causa a segurança das pessoas em Portugal” e no
resto do mundo.