Enfermeiros açorianos alertam para cansaço em caso de segunda vaga
17 de jun. de 2020, 09:36
— Lusa/AO Online
"Neste momento, havendo uma segunda vaga nos
Açores, eu receio que, numa linguagem bélica, a tropa está cansada. E
isso é aquilo que nos preocupa e aquilo que preocupou a Ordem desde o
início do combate a esta situação [da pandemia de covid-19]", disse o presidente do conselho diretivo da secção regional dos Açores da
Ordem dos Enfermeiros, Pedro Soares. O enfermeiro falava numa videoconferência realizada pelo Facebook, acompanhado pelo líder do PSD/Açores, José Manuel Bolieiro. Pedro
Soares afirmou já ter alertado "quem de direito" sobre o assunto,
referindo que a covid-19 demonstrou a falta de enfermeiros na região. "A
covid-19 veio demonstrar que nos Açores - não somos a pior região do
país em termos de números de enfermeiros, nada disso - mas nós temos os
enfermeiros quase nos mínimos dos mínimos essenciais e em algumas
situações existe, inclusive, falta [de enfermeiros]", declarou. O
representante dos enfermeiros açorianos disse que quando foi preciso a
aumentar as equipas de enfermeiros devido à covid-19, não existiam
profissionais suficientes. "Quando nós
precisámos de aumentar as equipas, nos não tínhamos enfermeiros para as
aumentar. Tivemos de pôr enfermeiros a fazer turnos de 12 horas 15 dias
seguidos. Eu tenho enfermeiros que fizeram 15 noites de seguida",
destacou. Pedro Soares identificou "três
grandes áreas" que são a "grande problemáticas" dos enfermeiros
açorianos, que devem resolvidas o "quanto antes". Entres
elas estão os "reposicionamentos" ao nível da carreira de enfermagem, o
reconhecimento da profissão como de risco e a dotação do número de
enfermeiros para o número de doentes. "O
correto número de enfermeiros já está legislado, mas agora a sua
aplicação tem de ser revista rapidamente, corrigindo algumas situações
do número de enfermeiros para o número de doentes em muitos dos serviços
da nossa região", afirmou. O enfermeiro
considerou também que o Serviço Regional de Saúde tem capacidade para
"absorver" todos os 60 a 90 novos enfermeiros que saem da Universidade
dos Açores anualmente. Por sua vez, o
líder do PSD/Açores referiu que é necessário apostar na "valorização da
carreira" e na "compreensão" da profissão de enfermeiro, salientando que
os decisores políticos não podem ficar "apenas no aplauso",
referindo-se aos aplausos das populações no reconhecimento aos
profissionais de saúde."É preciso associar a gratidão ao reconhecimento e o reconhecimento não pode ficar feito apenas no aplauso", disse.