Enfermeira de Nova Iorque foi a primeira pessoa nos EUA a ser vacinada
Covid-19
14 de dez. de 2020, 15:42
— Lusa/AO Online
“Sinto-me
esperançosa, hoje. Aliviada”, disse Sandra Lindsay, depois de ter
apanhado uma injeção no braço, num hospital de Long Island, Nova Iorque,
tornando-se a primeira pessoa a ser tratada naquela que vai ser a maior
campanha de vacinação da história dos Estados Unidos.As
remessas de frascos congelados de vacinas produzidas pela Pfizer e pela
BioNTech começaram hoje a chegar a hospitais norte-americanos, numa
altura em que a pandemia de covid-19 já fez quase 300.000 mortos e o
número de novas infeções parece não abrandar.“Esta
é a luz ao fundo do túnel. Mas é um longo túnel”, disse o governador de
Nova Iorque, Andrew Cuomo, enquanto assistia à vacinação de Lindsay por
vídeo.Os profissionais de saúde e os residentes de lares de idosos serão os primeiros a receber as vacinas.“Este
é o quilómetro 35 de uma maratona. As pessoas estão cansadas, mas
percebem que o fim da corrida se aproxima”, explicou Chris Dale, médico
epidemiologista de Seattle.Também o Presidente dos EUA, Donald Trump, se congratulou por este momento inicial da vacinação no seu país.“Primeira
vacina administrada. Parabéns aos Estados Unidos, parabéns ao mundo!”,
escreveu Trump, na sua conta pessoal da rede social Twitter.Embaladas
em gelo seco para permanecer em temperaturas ultracongeladas, as
primeiras de quase três milhões de doses enviadas em lotes fizeram o seu
trajeto em camiões a partir da fábrica da Pfizer em Kalamazoo, no
Michigan, em direção aos centros de distribuição, onde as autoridades de
cada estado determinam o destino de cada dose.Alguns
hospitais norte-americanos passaram o fim de semana a rastrear as suas
encomendas, atualizando o percurso através dos portais eletrónicos das
transportadoras FedEx e UPS, para tentar saber a que horas iriam receber
as primeiras vacinas.Este processo vai
agora repetir-se semanalmente, quando a entidade reguladora de
medicamentos, a FDA, decide se dará luz verde à segunda vacina contra a
covid-19, produzida pela farmacêutica Moderna.O
obstáculo para as autoridades norte-americanas é colocar rapidamente a
vacina nos braços de milhões de pessoas, começando por médicos e
enfermeiras, mas também por idosos em lares, bem como pelos seus
zeladores, tendo de repetir a dose três semanas depois.“Estamos
no meio de um surto. E há feriados festivos e os nossos profissionais
de saúde estão a trabalhar a um ritmo acelerado há muitos meses”,
reconheceu Sue Mashni, chefe de farmácia de um hospital em Nova Iorque.Os
responsáveis do processo de vacinação estão ainda preocupados com as
reações da vacina, que podem causar febre temporária, fadiga e dores, já
que aceleram o sistema imunológico das pessoas, obrigando os hospitais a
escalonar as vacinações dos funcionários.Por
outro lado, há ainda as cautelas da população, com sondagens a indicar
que apenas metade dos norte-americanos afirma querer ser vacinada.A
FDA, considerado a agência reguladora mais exigente do mundo, disse que
a vacina da Pfizer/BioNTech parece segura e muito eficaz, mas os
especialistas preferem esperar por resultados da sua aplicação em massa
para ter uma melhor perceção das características do produto.Ainda
assim, a vacina já foi aplicada a quase 44.000 pessoas, antes de ser
aprovada, embora as investigações ainda procurem obter mais respostas
para questões adicionais.Por exemplo, as
vacinas ainda não foram estudadas em crianças e durante a gravidez,
embora o Colégio Americano de Obstetras tenha dito, no domingo, que a
vacinação não deve ser negada a mulheres grávidas.