Autor: Lusa/AO Online
Também seriam necessários milhares de milhões de dólares para investimentos na modernização da rede elétrica do país para atingir o objetivo.
O relatório do Gabinete de Eficiência Energética e Energia Renovável do Departamento de Energia dos EUA refere que o país precisaria de quadruplicar a sua capacidade solar anual – e continuar a aumentá-la todos os anos – à medida que altera para uma rede dominante renovável, no sentido de lidar com a crise climática.
O “Solar Futures Study” (Estudo sobre o Futuro da Energia Solar, em tradução simples) divulgado na quarta-feira não pretende ser uma declaração política ou objetivo da Administração Biden, explicaram as autoridades.
“[O relatório] é projetado para orientar e inspirar a próxima década de inovação solar, ajudando-nos a responder a questões, como: Quão rápida é a energia solar a aumentar a sua capacidade e em que nível?”, disse a diretora do Gabinete de Energia Solar do Departamento de Energia, Becca Jones-Albertus.
Em comunicado, por seu lado, a secretária da Energia, Jennifer Granholm, afirmou que o estudo “esclarece que a energia solar, a nossa fonte de energia mais limpa e barata e de crescimento rápido, poderia produzir eletricidade suficiente para abastecer todas as residências nos EUA até 2035 e empregar até 1,5 milhões de pessoas”.
O relatório foi divulgado depois de Joe Biden ter dito que a mudança climática se tornou numa “crise de todos”, durante uma visita aos bairros inundados após a passagem do furacão Ida.
Na terça-feira, Biden alertou que é o momento de os EUA levarem a sério o perigo do “código vermelho” das mudanças climáticas ou enfrentar o aumento da perda de vidas e propriedades.
“Não podemos voltar atrás, mas podemos evitar que piore. Não temos mais tempo”, disse Joe Biden, antes de visitar um bairro de Nova Jérsia devastado por fortes inundações.
O desastre natural deu ao Presidente dos EUA a oportunidade de pressionar o Congresso para a aprovar o plano de infraestruturas, avaliado em um bilião de dólares, que servirá para modernizar as redes elétricas, sistemas de água e esgotos, para o país se defender melhor das condições climáticas extremas. A lei foi aprovada no Senado e aguarda agora a votação na Câmara dos Representante.
Os EUA instalaram um recorde de 15 gigawatts de capacidade de geração de energia através do sol em 2020, e a energia solar atualmente representa um pouco mais de 3% do fornecimento de eletricidade atual, segundo o Departamento de Energia.
Realizado pelo Laboratório Nacional de Energia Renovável do Departamento de Energia, o “Solar Futures Study”, revela que, em 2035, os EUA precisariam de quadruplicar a capacidade solar anual e fornecer 1.000 gigawatts de energia para uma rede renovável dominante.
Em 2050, segundo o relatório, a energia solar poderia fornecer 1.600 gigawatts numa rede de carbono zero, produzindo mais eletricidade do que a consumida atualmente em todas as residências e estabelecimentos comerciais do país.
A descarbonização de todo o sistema de energia pode resultar em até 3.000 gigawatts de energia solar até 2050, devido ao aumento da eletrificação nos setores de transporte, edifícios e indústria, acrescenta.
No entanto, para atingir 40% de energia solar até 2035, os EUA devem instalar uma média de 30 gigawatts de capacidade solar por ano até 2025 - o dobro da taxa atual - e 60 gigawatts por ano de 2025 a 2030.
Estas metas excedem em muito o que até mesmo a indústria solar tem pressionado, enquanto o governo Biden e o Congresso debatem a legislação sobre o clima e a energia verde.
A Solar Energy Industries Association (Associação das Indústrias de Energia Solar, em tradução simples) pediu uma estrutura para a energia solar poder atingir 20% da geração de eletricidade dos EUA até 2030.
A presidente e diretora-geral da Solar Energy Industries Association, Abigail Ross Hopper, disse que o estudo do Departamento da Energia “deixa claro” que os EUA não atingirão “os níveis de descarbonização” necessários sem avanços significativos nas políticas.
Na quarta-feira, a associação enviou uma carta – assinada por quase 750 empresas – ao Congresso a recomendar alterações na política.
“Acreditamos
que com essas políticas [recomendadas] e um setor privado determinado,
os objetivos do governo de Biden são definitivamente alcançáveis”,
acrescentou Abigail Ross Hopper.