Empresas portuguesas "vão ter de estar" preparadas para aplicar regulação IA
21 de jul. de 2024, 15:32
— Lusa
O
regulamento europeu, que foi publicado no Jornal Oficial da União
Europeia (UE) em 12 de julho, entra em vigor 20 dias após a publicação."Não
há regulamentos ideais, nem menos ideais", começa por dizer o 'data
analytics & AI manager' [dados analíticos & gestão IA] da
Noesis, João Martins, para sublinhar que era necessário "existir
regulação".Agora, "sendo um tema ainda em
constante evolução não sei se foi o momento certo com este tema da
regulação", pois quem quer "arrancar com este tipo de iniciativas não
está certo e seguro e sempre que entra um tema jurídico assiste-se a uma
retração", refere.Mas "quem vai ficar
responsável por validar que os projetos" de IA estão em conformidade com
o AI Act [regulamento IA), vai "ser dividido por indústria, haverá um
regulador central", questiona."Isto em
Portugal ainda não está claro", pelo que "a minha principal preocupação é
a falta de esclarecimento oficial destes todos temas", insiste João
Martins. Para o responsável, a IA deixou de ser "uma componente, uma solução de nicho" e está a ser vista "como 'commodity'", sublinha.A
tecnologia, a parte jurídica e o Governo "é uma conjugação que
necessita de ser afinada", defende o responsável de IA na Noesis."As
empresas ainda estão numa fase de passagem da introdução dos protótipos
que começaram a montar, ainda estamos numa fase, no meu entender, de
começar a produtizar aquilo" que surgiu da IA generativa, refere,
acrescentando que começa a verificar-se que as áreas jurídicas das
empresas começam a "ter curiosidade" sobre o que está a ser feito sobre
IA, qual o objetivo. No passado este era um tema que era divido entre os utilizadores de negócios e a equipa de IT (tecnologias de informação)."Quando
entramos na área da IA generativa começamos a ver equipas de 'legal'
[jurídico] das empresas a mostrarem interesse" no assunto.As
empresas, diz, "vão fazer o caminho de perceber quais os impactos" da
regulação e o que está escrito nas mais de 140 páginas do IA Act. "Se
estamos preparados em Portugal? Vamos ter de estar", reforça. Até porque
"as organizações que não adotarem este tipo de iniciativa correm risco
de ficar para trás" face à concorrência, que é global.Depois há o risco de uma segregação geográfica."Ainda
há pouco estava a tentar entrar na Meta AI e esta dizia que não estava
disponível na minha geografia", relata João Martins, admitindo que pode
começar a existir uma "segregação geográfica".E
a questão é: "Ou nós caminhamos à mesma velocidade, com o mesmo
entendimento, ou vamos encontrar silos" Europa, EUA, Ásia, num jogo "que
não regras iguais nas várias geografias".Apesar das questões, o certo é que a IA generativa é incontornável e que as empresas europeias vão ter de adotar o IA Act.